A Comissão Permanente de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente da Câmara de Campo Grande deve visitar cinco conselhos tutelares nesta sexta-feira (3). As movimentações envolvendo o Conselho Tutelar em Campo Grande tomaram grandes proporções após o caso Sophia, morta aos 2 anos após ser estuprada e torturada pelo padrasto.

De acordo com o presidente do colegiado, o vereador Coronel Villasanti, a intenção é estabelecer parcerias para proteger os menores que sofrem maus-tratos.

“Vamos percorrer os cinco conselhos tutelares da cidade. Vamos nos reunir com o Secretário de Segurança e fazer parceria. Queremos investigar para oferecer apoio as crianças e aos adolescentes”, afirmou Villasanti.

Audiência mobilizou família e sociedade

O caso Sophia deflagrou uma séria de discussões e ações envolvendo a proteção de crianças e adolescentes em Campo Grande. Há algumas semanas, diversas pessoas estiveram presentes durante audiência realizada na Câmara Municipal.

O evento foi marcado pelos ânimos exaltados com a situação.

O plenário da Câmara ficou lotado para que a sociedade debatesse em conjunto sobre o assunto, buscando alternativas para que haja uma rede de proteção efetiva para crianças e adolescentes em Campo Grande.

Vestidos com uma camiseta que estampa uma fotografia ao lado da filha, Jean Carlos Ocampos e o marido, Igor de Andrade, relembram cada passo no processo de pedido de ajuda aos órgãos públicos, como o Conselho Tutelar.

Jean diz que a lembrança do sorriso da pequena é motivo para força na luta e evitar mais casos.

Crianças vítimas de violência serão atendidas na Casa da Mulher

A partir desse fim de semana, crianças e adolescentes vítimas de violência serão atendidos na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher), em Campo Grande, que fica na Casa da Mulher Brasileira.

O secretário da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos Videira, oficializou a informação.

Videira esteve na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) e usou a tribuna para falar sobre providências que o Estado tem tomado para evitar casos semelhantes ao da menina Sophia, no final de janeiro deste ano, morta e estuprada pelo padrasto. A mãe também está presa.

“Levamos essa demanda emergencial para o conselho gestor da Casa da Mulher para que pudéssemos, enquanto não temos pronto um ambiente no Cepol”, iniciou.

“Também tem a criança do sexo masculino, então fizemos uma exposição massiva, mas não tivemos uma resposta. Nesse sentido, o delegado Gurgel baixou uma portaria, em face da resposta não ter vindo, nós vamos atender sim ali [Casa da Mulher] toda criança vítima de violência. Se vier algum expediente pedindo o contrário, nós vamos explicar que em breve teremos um ambiente propício”, explicou o secretário.

Caso Sophia

Sophia morreu aos 2 anos, na noite do dia 27 de janeiro. Ela foi levada pela mãe a um posto de saúde, onde as médicas que atenderam a menina constataram que ela já estava morta há pelo menos quatro horas. Tanto a mãe como o padrasto de Sophia foram presos e já indiciados pelo crime.

O casal ainda tentou alterar as provas da morte da menina para enganar a polícia. A prisão preventiva foi decretada no dia 28 de janeiro.

Em sua decisão, o magistrado afirmou que: “A prisão preventiva se justifica, ainda, para preservar a prova processual, garantindo sua regular aquisição, conservação e veracidade, imune a qualquer ingerência nefasta do agente. Destaca-se que, conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 4 horas de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova.”

O juiz ainda citou que caso o casal fosse solto, haveria a possibilidade de tentativa de alteração de provas “para dificultar ou desfigurar demais provas”.

O casal foi levado para unidades penitenciárias, sendo a mulher para o interior do Estado e o padrasto da menina para a Gameleira de Segurança Máxima.

A menina passou por vários atendimentos em unidades de saúde, entre eles febres, vômitos, queimaduras e tíbia quebrada.

Em menos de 3 meses, a criança foi atendida diversas vezes sem que nenhum relatório fosse repassado sobre os atendimentos a menina.