Bolsonaro diz que 30 navios com fertilizantes saíram da Rússia com destino ao Brasil

Presidente participou de evento da pecuária em Minas Gerais

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Presidente garantiu chegada de fertilizantes
Presidente garantiu chegada de fertilizantes. (Foto: Reprodução)

Durante a Expozebu 2022, evento realizado em Uberaba (MG), o presidente Jair Bolsonaro anunciou na manhã deste sábado (30) que 30 navios com fertilizantes saíram da Rússia com destino ao Brasil. A notícia é dada dois dias depois que a Petrobras desistiu da venda da UNF-III (Unidade de Fertilizantes) Nitrogenados, em Três Lagoas, para o grupo russo Acron.

Em seu discurso, o presidente disse que a produtividade do agronegócio nacional está em franco crescimento e, para garantir melhores condições aos produtores, estava negociando com a Rússia a compra dos insumos, tanto que visitou o presidente Vladimir Putin pouco antes do início da guerra com a Ucrânia. “São 30 navios com fertilizantes vindos da Rússia para o Brasil. A nossa agricultura não para, muito menos a nossa pecuária”, disse. 

Unidade de Fertilizantes em MS

Negócio dado como praticamente certo, a venda da UFN-III não foi concretizada conforme anúncio da Petrobras divulgado na quinta-feira (28). Um dos motivos foi que o plano de negócio dos russos não agradou ao Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, que iria conceder benefícios à empresa, em troca de contrapartidas.

O Estado esperava que a fábrica fosse operacionalizada para produzir fertilizantes em solo sul-mato-grossense, gerando empregos para o povo de Três Lagoas e oferecendo produto por um preço mais acessível aos produtores rurais. No entanto, a Acron tinha interesse, pelo menos neste primeiro momento, de usar a estrutura como um ponto de mistura e distribuição.

UFN-III

A construção da UFN-III em Três Lagoas teve início em 2009, pela Petrobras. No ano seguinte, um termo de acordo entre Estado e Prefeitura deu uma série de incentivos tributários para a Petrobras ativar a fábrica em Mato Grosso do Sul. Após a paralisação das obras e a saída da estatal brasileira do segmento de fertilizantes, em 2018, Estado e Prefeitura decidiram manter os benefícios fiscais aos compradores da planta industrial. A expectativa era de que a Acron fechasse a compra e retomasse as obras em julho, o que não vai ocorrer.

Plano

Ainda em março, com a guerra entre Rússia e Ucrânia já em andamento, o Governo Federal lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, uma referência para o planejamento do setor de fertilizantes para os próximos 28 anos (até 2050), com objetivo de promover o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.

Atualmente, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, evidenciando um elevado nível de dependência de importações em um mercado dominado por poucos fornecedores. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira, fortemente apoiada no agronegócio, vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes.

Últimas Notícias

Conteúdos relacionados

Lira PP