Com cidade em bandeira vermelha, mais de 22 mil infectados e 298 mortes por coronavírus, um projeto protocolado nesta sexta-feira (19) na Câmara Municipal de Dourados já está causando polêmica antes mesmo de iniciar a tramitação.

Isso porque a proposta – de autoria do presidente da Casa, Laudir Munaretto (MDB) e primeiro secretário, Juscelino Cabral (DEM) – quer proibir que o prefeito Alan Guedes (PP) decrete lockdown ou aplique toque de recolher como estratégia para impedir a disseminação do novo coronavírus ou qualquer pandemia, sem que haja aprovação da Câmara Municipal.

Segundo a proposta dos dois representantes da mesa diretora da Câmara, o prefeito não poderá suspender qualquer atividade de trabalho, limitar reuniões de pessoas em espaços públicos ou privados, nem restringir a circulação de veículos por rodizio, por dia ou final de placas, entre outras.

Os dois parlamentares justificam que, “ainda que por situações diversas sejam necessárias tomar medidas de lockdown, restrição de isolamento e toque de recolher, o Poder Executivo deverá apresentar dados estatísticos que corroboram a tese da necessidade de tais medidas, bem como a apresentação científica de que as medidas serão efetivas no combate ao Sars-Cov-2”.

“Já esperava polêmica”

Em conversa com a reportagem do Jornal Midiamax, Munaretto, um dos autores do projeto e atual presidente do Legislativo, explicou que já esperava polêmica, ressaltando que o assunto merece discussão profunda para atender milhares de trabalhadores.

“Como você vai chegar para um pai de família e falar que o trabalho dele não é essencial?  A proposta não é negar a pandemia nem a tragédia que a covid-19 causa no mundo, mas apenas colocar o Legislativo na conversa, para colaborar com opiniões”, explicou o vereador.

Ainda segundo o parlamentar emedebista, “a “ideia é trazer esse assunto tão sério para dentro da Câmara de Vereadores, para ouvir as pessoas afetadas e para sermos ouvidos também. Não se trata de negacionismo, mas de preocupação com nossa população”, justifica.

Procurado pelo Jornal Midiamax, o prefeito Alan Guedes (PP), disse por meio de sua assessoria de comunicação, que não irá se manifestar, que vai deixar o assunto no âmbito da Câmara de Vereadores.