Fala do vereador Professor Juari (PSDB) na sessão desta quinta-feira (4) da Câmara Municipal de , em defesa da em meio ao aumento de casos de coronavírus, causou tensão entre vereadores.

Estes, em maioria, discordaram da avaliação do parlamentar. Eles apontaram até a falta de coesão entre as gestões do governador Reinaldo Azambuja e de outros .

Juari, no uso da palavra livre, disse ser defensor da volta às aulas com a imunização dos trabalhadores.

No entanto, logo deu cores políticas à fala, dizendo ter tal posicionamento sem ser “bolsonarista ou petista”.

Ele disse ter participado na quarta-feira (3) de reunião na Secretaria de Estado de para discutir a volta das aulas presenciais com a titular da pasta, Maria Cecília Amendola da Mota, e o adjunto, Edio Rezende.

Segundo Juari, os pareceres da SED são baseados no COE (Centro de Operações Emergenciais) e Prossegir (Programa de Saúde e Segurança e da Economia).

Tucano vê ‘distanciamento cognitivo’ entre alunos das redes pública e privada

Na sequência, o vereador tucano questionou “quem pagará a conta do distanciamento cognitivo entre o aluno da rede privada e o da rede pública?”.

A avaliação, segundo ele, é que os estudantes da rede particular, que já voltou às aulas presenciais em 2020 mediante regras de biossegurança, estão em vantagem.

Ao mesmo tempo, alunos da rede pública estariam sendo prejudicados apenas com as aulas em EaD (Ensino à Distância).

“Se já é difícil o filho do pobre, com o Enem e vestibular, entrar em um curso de Medicina, Engenharia ou Direito, agora piorou”, disparou Juari, ao afirmar que, em 20 anos como professor concursado, não crê na eficiência do ensino à distância.

“Existe alfabetização à distância? Treinamento [de Educação Física] à distância?”, contestou.

Ele sugeriu que os vereadores contatassem órgãos de proteção à mulher e às crianças para questionar sobre casos de violência doméstica, “inclusive sexual”, durante a pandemia. Isso porque o maior tempo em casa incentivaria as agressões.

Da mesma forma, Juari pôs em dúvida quem pagaria o prejuízo de trabalhadores do transporte escolar, “hoje vistos como caloteiros porque não têm dinheiro para abastecer o carro próprio”.

O tucano ainda perguntou se há garantias de que, até julho, professores e administrativos da Educação estarão imunizados contra a Covid-19. E pôs em dúvida saber onde há mais aglomerações, “no ônibus ou na sala de aula”.

Ele ainda disse que sua fala era sustentada “na ciência e na epistemologia, e não com ‘hermenêutica de boteco’” ou com “axiomas sindicais”. Isso foi uma referência ao fato de que sindicatos são contra o retorno das aulas sem a imunização.

Discurso de vereador tucano causa reações no plenário da Câmara Municipal

A fala do vereador foi duramente criticada em apartes, que se dividiram entre questões políticas ou mesmo técnicas.

Primeiramente, Ayrton Araújo do PT afirmou que “quem vai pagar a conta é o povo” e que o seu partido “não tem nada com isso”.

“O PT não está no poder”, afirmou, criticando em seguida a condução do presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.

Na sequência, Valdir Gomes (PSD), primeiro disse ter se sentido feliz ao ver mais um educador chegar à Câmara com a eleição de Juari.

Contudo, Gomes afirmou que não pode “de forma alguma, pelo conhecimento que tenho das bases”, concordar com o posicionamento.

Segundo ele, não existe condições de comparar escolas particulares e públicas, uma vez que há Emeis (Escolas de Educação Infantil) “que não tem nem janela, e como vai colocar 40 crianças juntas na pandemia para conviver?”.

Gomes defendeu a volta das aulas, “mas quem vai pagará morte?”, defendendo a vacinação.

PSDB não está em consenso, afirma vereador criticando o Governo de Reinaldo

Por sua vez, o vereador Riverton (DEM) criticou Juari, defendendo a volta as aulas com segurança. Tabosa (DEM) elogiou a defesa do tucano pela vacinação, contudo, apontou deficiências das escolas para a volta às aulas com segurança.

Por fim, declarando “estranheza e espanto” com o posicionamento de Juari, Tiago Vargas (PSD) disse já ter sido professor de História. E viu incongruência no Governo Reinaldo Azambuja.

“O secretário de Saúde [Geraldo Resende] quer que seja feito lockdown geral. Sua secretária de Educação quer que as aulas retornem. Se vosso partido quer está administrando o Estado não está entrando em consenso, estaremos jogando essa responsabilidade para os municípios?”, questionou Vargas.

O parlamentar do PSD ainda destacou que o Governo de São Paulo, do tucano João Doria, quer um lockdown geral para conter o avanço da Covid.

Vargas disse que “Vossa Excelência está no partido errado”, e afirmou  que, em Campo Grande, a defesa é da volta dos estudantes às aulas presenciais “com segurança necessária a todos os profissionais da Educação”.