Os três senadores de Mato Grosso do Sul assinaram moção de apelo internacional que pede apoio de países e entidades para reforçar o combate à pandemia de Covid-19 no Brasil. Nelsinho Trad (PSD-MS), Simone Tebet (MDB-MS) e Soraya Thronicke (PSL-MS) estão entre os 65 parlamentares signatários do requerimento da senadora Kátia Abreu (PP-TO).

Se for aprovada, a moção será encaminhada a todos os países membros do G20, organismos da ONU (Organização das Nações Unidas), especialmente a OMS (Organização Mundial da Saúde), países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), parlamentos europeu e britânico e Congresso dos Estados Unidos, além de embaixadores do Brasil no mundo, embaixadores estrangeiros no Brasil, empresas produtoras de vacinas, todos os presidentes das comissões de Relações Internacionais dos principais países e imprensa nacional e internacional. 

No documento, Kátia ressalta a situação crítica que o País enfrenta. “O país reclama atenção emergencial do mundo. Nosso ritmo de imunização é insuficiente para conter a propagação da doença. Até o momento, cerca de 5% dos 210 milhões de brasileiros foram vacinados. Dependemos de vacinas e insumos farmacêuticos ativos (IFA) importados, que chegam em ritmo lento, se comparado ao desafio posto pela segunda e devastadora onda da pandemia no Brasil”, escreveu.

Relatório

A senadora, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, apresentou durante reunião da Comissão Temporária da Covid-19 nesta segunda-feira (22) relatório que aponta que o Brasil necessita de 100 milhões de vacinas. Segundo ela, as intenções de compras do Ministério da Saúde mencionam 476 milhões de doses, e não 576 milhões, como foi divulgado.

No relatório apresentado aos senadores, Kátia menciona publicação da revista digital Science Magazine, segundo a qual 11 países compraram vacinas em número muito maior ao de habitantes, havendo assim cerca de 3 bilhões de doses que provavelmente não serão utilizadas, e uma parte desse montante poderia ser cedida para o Brasil.

“Essa moção de apelo é chamando a atenção para essa questão super importante de que o Brasil precisa de vacina já. Como nós tivemos a 1ª Guerra, a 2ª Guerra Mundial, e o Brasil foi solidário em todas as duas (o mundo foi solidário, o mundo se uniu), nós estamos na 3ª Guerra Mundial: uma guerra sanitária que mata sem armas de fogo nem armas nucleares”, disse a senadora.

Relator da comissão especial, Wellington Fagundes (PL-MT), reforçou o apelo endereçado aos países que têm vacina em estoque pelo mundo, principalmente Estados Unidos, para que transfiram ao Brasil esses lotes excedentes. Para o parlamentar, a medida se configura num “legítimo e oportuno exercício de diplomacia”.

Wellington também ressaltou o papel do Senado nesta negociação, já que a Casa, conforme afirmou, detém um conjunto de prerrogativas “relevantes e insubstituíveis” na conduta da política externa.

“O país é governado pelo Poder Executivo, pelo Judiciário e também pelo Legislativo. Portanto, é oportuno, porque este é um gravíssimo momento da pandemia, marcado pelas ansiedades gerais quanto ao desenvolvimento do cronograma de vacinação, pelo colapso da capacidade hospitalar e também pela exaustão física e emocional das equipes de profissionais da saúde. Tudo isso coincide, infelizmente, com um vácuo diplomático derivado da aparente opção do Poder Executivo pelo isolamento internacional. É lamentável que tenhamos chegado a este ponto, e não foi por falta de avisos, de apelos, de alertas. Este Senado buscou, de todas as formas, o caminho da ciência e do conhecimento. Por isso nós, senadores da República, não podemos e nem vamos nos omitir. Pelo contrário, como temos agido ao longo de todo o tempo, desde o início da pandemia, vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para salvar a sociedade brasileira desta hora mais sombria”, afirmou.