Em 2019, a reclamação dos produtores de leite, antes restrita a associações e sindicatos, ganhou força e chegou até a de (ALEMS), com a criação da Frente Parlamentar do Leite. Dois anos depois, a categoria voltou a se manifestar para a criação de um novo índice do leite. 

O encontro, ocorrido nessa quinta-feira (2), foi proposto pelo deputado Renato Câmara (MDB), coordenador do grupo de trabalho da ALEMS. Atualmente, o preço dos produtos lácteos de MS é feito por meio do Índice do Leite, no entanto há debate para que o valor volte a ser definido pela metodologia do Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite em Mato Grosso do Sul (Conseleite).

Este conselho foi desativado em setembro de 2020, quando o Índice do Leite passou a ser adotado em MS. Atualmente, muitos produtores pedem a volta do Conseleite, dizendo ser uma “metodologia mais eficaz”. 

Na ocasião, o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande (SRCG), Wilson Igi, aproveitou a oportunidade para fazer uma comparação entre as duas metodologias, mostrando as vantagens e desvantagens de cada uma das referências. 

“Com várias pessoas pedindo a volta do Conseleite, incluindo deputados, nós, que fomos protagonistas no encerramento do Conseleite e na criação do índice, achamos que tínhamos obrigação de prestar esclarecimento do por que acabamos com o Conseleite”, afirmou Igi.

Segundo Igi, o objetivo do Índice do Leite foi substituir o Conseleite, além de indicar variação do preço de uma cesta de produtos para servir de referência para negociação do leite ou de indexador para o preço do leite.

Já em 2019, um deputado de Goiás mostrou a metodologia já adotada naquele estado, porém, houve pouca divulgação e isso teria prejudicado. Agora, parte da categoria pede a volta do Conseleite.

O índice de MS é composto por uma cesta de quatro produtos: leite spot, pasteurizado, UHT e muçarela. As vantagens da metodologia, ainda de acordo com Igi, são o custo zero para produtores e indústrias; participação de todas as indústrias do Estado; a transparência dos valores e volumes (nota fiscal); e a disponibilização de um índice para reajuste do leite.

Sobre as desvantagens ele apontou a inexistência de valores de referência; a inexistência de tabela de remuneração por volume e qualidade; e o distanciamento entre produtores e indústria. 

“Esse distanciamento, até por causa da pandemia, prejudicou a divulgação do índice. A informação não chegou à ponta e isso gerou o desconforto do pedido para a volta do Conseleite”, justificou o representante do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado de Mato Grosso do Sul (Silems), Paulo Fernando.

Conselho paritário

Relativo ao Conseleite, o presidente do Sindicato Rural destacou que era um conselho paritário que definia preço de referência no Estado – base para negociação entre as partes. Era de livre adesão, com transparência de regras e metodologias, decisões paritárias com base técnica e composto por 10 empresas. Existiam parâmetros fixos e variados para compor o valor de referência.

Entre as vantagens estavam maior interação entre industriais e produtores; conhecimento dos preços dos concorrentes; divulgação do preço referência; e previsão de preços do mês seguinte.

As desvantagens eram: indústria tinha acesso ao custo de produção estimado da matéria prima do leite e produtor não tinha acesso aos preços da indústria; preço e volume de venda sem transparência; demora na revisão dos custos; e remuneração da universidade tinha alto custo e não foi paritário. “Esses últimos três itens deram motivo para encerrar o Conseleite”, relembrou Igi.