Com sua direção estadual desativada por questões financeiras, o Diretório Regional do PMB (Partido da Mulher Brasileira) de apenas acompanha o noticiário nacional em busca de uma confirmação sobre a nova identidade da legenda e a possível chegada do presidente Jair Bolsonaro. A princípio, nenhuma medida oficial teria sido tomada, conta o ex-dirigente regional Dorival Betini.

Na manhã de sábado (24), conforme declarações dadas ao Jornal O Globo pela presidente nacional do PMB, Sued Haidar, o partido acertou sua mudança de nome para Brasil 35 (número da legenda) e antecipou mudanças no seu estatuto durante convenção. Embora ela negue, as medidas seriam preparações para a possível filiação de Bolsonaro, que busca um partido para disputar a reeleição em 2022.

Haidar afirmou que o PMB pensa em uma atualização desde 2017, dois anos depois de obter seu registro partidário. A “maquiagem” incluiu uma nova logo, com as cores verde e amarelo, e o slogan “Coragem para fazer”.

“A nacional está fazendo isso sem falar com o público”, afirmou Betini, que em 2018 disputou o Senado pelo PMB e se envolveu em polêmica com integrantes do PSL, partido ao qual Bolsonaro e seu grupo político era filiado: embora apoiasse a reeleição do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ele se alinhou no primeiro turno à eleição de Bolsonaro, levando a então candidata e outros membros do PSL a lhe denunciarem por uso indevido da imagem do presidente em sua candidatura, que não seria “oficial”.

Filiação de Bolsonaro segue como incerteza, diz ex-dirigente do PMB

[Dorival Betini, ex-dirigente do PMB]
Dorival Betini, ex-dirigente do PMB. (Foto: Arquivo)

Conforme o ex-dirigente, não há certeza sobre a ida do presidente para o Brasil 35. “Vários partidos já o procuraram e ele estuda para tomar uma decisão. Como PMB foi a mesma coisa e a nacional não quer se manifestar sobre isso”, destacou. Haidar, a O Globo, admitiu conversa preliminar com o presidente, mas não deu como certa a filiação.

Apesar da informação de que as mudanças foram aprovadas em convenção, Betini disse que isso deveria ter sido discutido em um congresso. “Não se faz de porteira fechada. O partido é constituído, não houve movimentação nesse sentido”, destacou. Apesar dessa avaliação, ele não se mostrou avesso às mudanças.

“Na verdade, o PMB ficou muito amarrado quando criou o estatuto, definindo a questão a defesa da mulher. Mas isso foi o que ficou para fora”, pontuou o ex-dirigente, segundo quem questões alinhadas a outras políticas nacionais integram o estatuto. Ele ainda destacou que Haidar é egressa de partidos de esquerda –ela foi filiada ao PDT– e, em 2018, foi contra as atitudes de Jair Bolsonaro. “Mas a política é dinâmica”, destacou.

Betini destacou, ainda, que a eventual filiação do presidente da República geraria mudanças que iriam da destituição da nacional e das regionais para composições com o novo grupo, bem como criaria a possibilidade de uma grande procura por interessados em se filiar. “Mas o prazo para desincompatibilização é abril do ano que vem. Falta um ano. Até lá, muita coisa pode acontecer”.

Antes de se filiar ao PSL para disputar as Eleições 2018, Bolsonaro flertou com outros partidos, como o Patriota –que teria abandonado a sigla PEN (Partido Ecológico Nacional) de olho no reforço, que não se concretizou diante de exigências que incluiriam o comando de diretórios.

Neste momento, ele conversa com outras agremiações, como o PTB e o próprio Patriota, visando a um abrigo para disputar as eleições. Seu projeto pessoal, a criação do partido Aliança pelo Brasil, não obteve resultado para as Eleições 2020 e, embora haja movimentação de apoiadores para garantir sua fundação, dificilmente o processo será concluído para 2022.

Sem recursos, PMB optou por suspender atividades em MS

O PMB, prosseguiu Betini, deixou a Eleição 2018 sem eleger deputados federais, conquistando só 3 vagas em Assembleias Legislativas –o que custou participação no Fundo Partidário. “E o partido para sobreviver precisa de estrutura”.

Este foi um dos motivos que levaram à desativação do Diretório Regional, cujas despesas vinham sendo bancadas por poucas pessoas. “Como a nacional cobra despesas das estaduais, em vários Estados deixaram a direção do partido e a presidente nacional não conseguiu construir de novo porque tem custos. Sem o fundo partidário, fica difícil”.

Ex-integrante do PR (atual PL), quando atuou junto ao deputado estadual Machado, Betini também organizou regionalmente o PRP (depois incorporado ao Patriota) e integrou o PSL, antes de seguir para o PMB. Segundo ele, apesar da situação local do PMB, o quadro tende a se normalizar com a aproximação das eleições. “Com o Bolsonaro [filiado], vai ter fila de gente para entrar no partido”, pontuou.