O deputado federal Baleia Rossi (MDB) deixou sem dar como certo ter angariado votos da bancada do Estado na eleição para a Câmara dos Deputados. Após almoço em que contou com 5 dos 8 deputados federais locais, e encontros com lideranças políticas, ele preferiu pincelar algumas linhas gerais de sua campanha.

O parlamentar paulista se negou a se colocar como candidato de oposição a Jair Bolsonaro –dizendo-se “independente”–, embora aponte interferência do Palácio do Planalto na disputa, e aproveitou para alfinetar o adversário, Arthur Lira (Progressistas-AL), apoiado pelo presidente.

Em coletiva na sede do MDB-MS, Baleia Rossi explicou que almoçou com os deputados federais Rose Modesto, Beto Pereira e Bia Cavassa (todos do PSDB), Loester Trutis (PSL) e Vander Loubet (PT), em busca dos votos na eleição para a da Câmara. Ele também revelou telefonema ao deputado Dagoberto Nogueira (PDT), que não estava na Capital.

Os participantes da reunião integram partidos que, em tese, já aderiram à campanha de Rossi. Faltaram ao encontro o bolsonarista Luiz Ovando (PSL) e Fábio Trad, cujo PSD já fechou apoio a Arthur Lira. Ainda assim, Rossi direcionou elogios a Fábio pela atuação como jurista –contando, ainda, com a senadora e “cabo eleitoral” Simone Tebet (MDB) que pediu voto ao deputado peessedista. Simone que, aliás, também busca apoios em seu projeto para se tornar a primeira mulher a presidir o Senado.

Antes de deixar a Capital, Rossi se reuniu com o prefeito Marquinhos Trad (PSD) e ainda se encontraria com o governador (PSDB). Apesar de tantas gestões, ele evitou ser assertivo quanto ao total de votos conquistados. “Prefiro que vocês perguntem para cada um dos deputados”, disse, para em seguida atiçar a candidatura de Lira.

“O candidato adversário vive falando em traição, 50 vezes por dia fala de ‘traição'. Eu prefiro falar em confiança, ressaltando a que tenho nos parlamentares de Mato Grosso do Sul em endossarem minha candidatura”, disparou, referindo-se à expectativa de o adversário de contar com votos do grupo hoje em torno do MDB.

Impeachment não deve ser ‘bandeira' de disputa na Câmara, diz Rossi

Questionado sobre as críticas a Jair Bolsonaro, por conta da gestão do Governo Federal sobre as ações na pandemia de coronavírus –e que já motivaram uma série de pedidos para cassação do mandato do presidente no Congresso–, Baleia Rossi afirmou que “o impeachment não pode ser bandeira de qualquer candidato, nem da Câmara, nem do Senado”.

Ele afirmou que, caso seja eleito presidente da Câmara Federal, vai agir “com as regras da constituição, recebendo os pedidos e adotando os ritos protocolares”. O emedebista ainda reforçou não ser uma candidatura de oposição ao governo, mas sim “de independência”.

A tese é alicerçada em projetos citados por Baleia Rossi que foram apresentados pelo Governo Federal e avalizados pela Casa ou que foram alterados pelo Legislativo a fim de apoiar a situação durante a pandemia de coronavírus –casos do Auxílio Emergencial e do “Orçamento de Guerra”.

Rossi afirmou, ao mesmo tempo, que “a Câmara não pode assumir posição de dependência ou submissão”, apontando o lema de sua campanha (“Câmara livre, democracia viva”). E destacou que o Governo Federal “exagera ao tentar influenciar a eleição” –o Planalto teria sinalizado com cargos no Governo em troca do apoio a Lira. “É uma influência violenta”, finalizou.

A disputa pelo comando da Câmara se mostra intensa: na segunda-feira (18) o Solidariedade, que tem 14 deputados, informou que deixaria o bloco pró-Lira em favor de Rossi. O partido se soma a DEM, MDB, PSDB, PT, PSL, PSB, PDT, PC do B, Rede Cidadania e PV em favor do emedebista.

Arthur Lira, por sua vez, é respaldado por Progressistas, PL, PSD, Avante, Patriota e Republicanos, sondando ainda o PTB e o Pros. Contudo, o apoio de bolsonaristas faz Lira apostar em traições no grupo de Baleia Rossi.