As eleições municipais de 2020 foram marcadas pelo desafio de garantir o direito ao voto em meio à de Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconheceu logo de início que a teria grande aumento em todo o Brasil.

A corte determinou uma série de normas de biossegurança este ano para garantir a realização do pleito em todo o País. Outras nações já tinham ido às urnas mesmo na pandemia, como Coreia do Sul e Estados Unidos.

Além do uso obrigatório da máscara de proteção, o eleitor teve que respeitar o distanciamento social por meio de marcações no chão. O horário de votação foi ampliado em uma hora, começando às 7h.

Até as 10h, foi dada preferência aos idosos. O TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de ) não registrou nenhuma violação às novas regras.

Apesar de haver tantos cuidados, nem todo o eleitorado compareceu, com várias cidades batendo recorde de abstenção.

registrou o maior índice nos últimos 35 anos. Os cidadãos da capital de Mato Grosso do Sul voltaram a eleger seu prefeito em 1985, mas já tinham eleito os novos governador, vice, senadores e deputados em 1982.

A reportagem também analisou o comportamento do eleitorado em todas as eleições desde a retomada dos pleitos no fim da militar nas principais cidades do Estado.

Em alguns municípios, a pandemia não levou a quebra de recorde de abstenção, mantendo até mesmo a média de ausência.

Campo Grande

A última vez que Campo Grande elegeu seu prefeito durante a ditadura militar foi em 1976, um ano antes de se tornar capital. Até 1985, o chefe do Executivo municipal era nomeado pelo governador do Estado.

Antes disso, em 1982, os campo-grandenses foram às urnas para eleger governador, vice, deputados e senadores. A abstenção atingiu 31,42%.

Em 1985, 24,67% dos eleitores, que representava na época 40.880 pessoas, não compareceram às urnas. 165.669 eleitores estavam aptos para votar.

Nos anos seguintes, o índice variou pouco nos primeiros, mas foi aumentando gradualmente. Acompanhe:

  • 1986 (eleições estaduais) – 6%
  • 1988 (eleições municipais) – 12,13%
  • 1989 () – 10,45%
  • 1990 (eleições estaduais) – 11,83%
  • 1992 (eleições municipais) – 14,68%
  • 1994 (eleições gerais) – 14,5%
  • 1996 (eleições municipais) – 18,27% no primeiro turno e 19,47% no segundo turno
  • 1998 (eleições gerais) – 7,88% no primeiro turno e 17,49% no segundo turno
  • 2000 (eleições municipais) – 13,97%
  • 2002 (eleições gerais) – 15,42% no primeiro turno e 16,64% no segundo turno
  • 2004 (eleições municipais) – 14,85%
  • 2005 (referendo) – 19,85%
  • 2006 (eleições gerais) – 14,8%
  • 2008 (eleições municipais) – 15,67%
  • 2010 (eleições gerais) – 14,73%
  • 2012 (eleições municipais) – 16,5% no primeiro turno e 18,53% no segundo turno
  • 2014 (eleições gerais) – 16,88% no primeiro turno e 18,41% no segundo turno
  • 2016 (eleições municipais) – 19,2% no primeiro turno e 22,32% no segundo turno
  • 2018 (eleições gerais) – 12,27% no primeiro turno e 13,01% no segundo turno

Como é possível notar, as primeiras eleições tiveram abstenção alta, que veio diminuindo gradualmente nos anos seguintes. Mas desde a instituição do segundo turno, menos eleitores voltam às urnas.

E desde a década de 2010, o índice vem subindo, ultrapassando a casa dos 20% em 2016. Mas apenas em 2020 que o percentual de 1985 é superado.

Dourados, Três Lagoas e Corumbá

Na mesma esteira, Dourados ultrapassou os 30% de abstenção em 1982. A segunda maior cidade do Estado não elegeu prefeito em 1985. Quando retornou às urnas, em 1988, o percentual caiu drasticamente, atingindo 11,79%.

Ao longo dos anos, o índice veio crescendo, mas em um ritmo menor que Campo Grande. Apesar disso, 2020 não registrou uma abstenção tão alta mesmo com a pandemia.

No ano de 2011, os douradenses elegeram um novo prefeito em eleição suplementar. 27,39% dos eleitores se abstiveram na ocasião. Agora em 2020, o percentual foi de 27%.

tem índices de abstenção acima das duas cidades já analisadas. Neste ano, 31,16% dos eleitores não compareceram às urnas, o maior percentual em 35 anos. O recorde continua com o ano de 1982, que registrou 48,43% de abstenção.

E apenas registrou o quinto maior índice de sua série histórica. O pleito de 1982 também teve o maior percentual, de 33,6%. Em 2020, 26,02% do eleitorado não compareceu.

O “pódio” é completado pelo segundo turno de 1998, com 31,22% de ausência; seguido do pleito de 1985, com 30,35% de abstenção; do segundo turno de 2014, com 28,04% e do segundo turno de 2018, com 27,28% de faltosos.