Até aqui um dos quadros mais elogiados do Governo Federal, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, deve se reunir nesta segunda-feira (20) com o presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto, para despachos sobre a pasta. Contudo, entre os temas a serem discutidos, está manifestação sobre a série de ataques direcionados a ela na internet em meio à crise aberta por setores do Planalto com a China e, principalmente, depois da demissão de seu correligionário, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.
Segundo lembrou o jornal O Estado de S. Paulo, Tereza pertence ao DEM, partido do qual também são o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Os dois últimos se tornaram alvos de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais –contra Maia, especificamente, há declarações do próprio presidente contra o deputado.
As queixas de Tereza Cristina teriam partido de sua assessoria, que identificou o aumento de ataques contra ela na internet, atribuída a setores da militância virtual pró-Bolsonaro. Segundo a jornalista Eliane Cantanhêde, a ministra também estaria sendo sondada para optar entre o cargo no governo e o DEM –contudo, ela tem boa relação com Bolsonaro e se sente confortável no partido, pelo qual foi eleita deputada federal.
Além disso, em manifestações públicas, Tereza reforça que, no momento, seu negócio é a Agricultura, e não a política.
China
Outra questão que tem causado preocupações é a ideológica, neste caso focada em postagens feitas em redes sociais por aliados do presidente, como o ministro Abraham Weintraub (Educação) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que atacam a China, culpando o país pela pandemia do novo coronavírus. Tais ações chegaram a provocar reações da embaixada chinesa no Brasil.
Já Tereza trabalha em manter aberta a relação com o país, um grande parceiro comercial do Brasil. Só no agronegócio, a China comprou 80% da soja produzida no Brasil, injetando R$ 20 bilhões no setor. O mercado chinês, com 1,4 bilhão de potenciais consumidores, também tem cobiçado as carnes brasileiras, e começa a deixar para trás os efeitos da pandemia.
O temor, aqui, é a perda de espaço para a produção brasileira, principalmente para o agronegócio dos Estados Unidos.
Tereza, ainda segundo o Estadão, vem recebendo apoio de associações e órgãos da agricultura –embora a ministra venha desestimulando tais iniciativas e reforça a unidade com o presidente Bolsonaro. Contudo, a possibilidade de outros setores do agro brasileiro verem na crise oportunidade de tentarem se capitalizar vem preocupando alas em Brasília.