Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS) avalia que, em , muitas pessoas ainda minimizam a gravidade do coronavírus (Covid-19) e não levam em consideração que a cidade é referência para moradores de outros municípios procurarem atendimento – situação que pode esgotar o sistema de saúde. Ele participou de live da Comissão Especial da Câmara Municipal, criada para discutir medidas e ações voltadas à pandemia na Capital.

“Ainda vejo em Campo Grande pessoas achando que aqui não vai ter, que está tranquilo. Todos que tiveram essa postura, pagaram preço amargo de vidas da sua comunidade”, alerta. Mandetta foi demitido do ministério, em abril, depois de conflitos com Jair Bolsonaro (sem partido), justamente por defender regramento mais rígido para conter o avanço da doença no Brasil – que chega a 66.887 mil óbitos.

Afirmando que Campo Grande funciona de forma normal, o ex-ministro ponderou que o vírus é como vento, que pode começar fraco, virar ventania, até se tornar um tornado. “Que é quando a transmissão é desordenada. Se você quer enfrentar a doença, atendendo quem ficar doente, mas não diminuir a aglomeração, terá que ter um super sistema de saúde para manter”.

Ele refere-se ao número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) suficiente para atender, não só aqueles que contraírem o vírus, mas também quem necessita de atendimento hospitalar por outras doenças ou acidentes que continuam acontecendo.

Com a taxa de ocupação de leitos em 72%, a Capital tem, a partir de hoje, toque de recolher iniciado às 20 horas, até, pelo menos 19 de julho, como forma de frear a situação.

Mandetta lembrou que Campo Grande fez “corte duro”, em março, quando a pandemia ‘chegou’ no Brasil e, que, naquele momento, era correto segurar a população, para dimensionamento do sistema público de saúde. “Nós temos uma vantagem em . Toda logística que passava por aqui, mudou, porque São Paulo fechou o cerco, por ser o epicentro, o trânsito de lá para cá diminuiu. fez medida severa e protegeu muito a fronteira. Ficamos mais seguros”.

Porém, o Estado tem histórico de doenças respiratórias no período de estiagem, entre julho e agosto, e este deve ser mais um fator de atenção. Ainda sobre Campo Grande, o ex-ministro disse que os números de leitos sobrando é bom, mas que é preciso continuar a mensuração entre casos confirmados e ocupação, além de combater . “Não somos uma cidade que força adensamento, se trabalharmos o transporte, diminui muito a possibilidade de contágio”.

À deriva

Luiz Henrique Mandetta comentou sobre a situação do Brasil, que está sem ministro da Saúde há quase dois meses e sem o de Educação. “São os dois pilares da sociedade e nós somos uma nau sem rumo, estamos à deriva, numa sociedade com ferida exposta”.

O contexto levava em consideração indagações de vereadores e população a respeito de flexibilizações durante a pandemia. “Vamos ativar? Vamos, mas em todo caso tem que ter plano. Nosso presidente disse que era uma gripezinha, estamos batendo os 70 mil mortos”.