Os eleitores campo-grandenses dobraram o número de representantes negros na Câmara de Vereadores. A partir do ano que vem, 12 das 29 cadeiras no Legislativo da Capital terão pretos ou pardos 

Em 2016, apenas seis vereadores eleitos se declaravam negros. O petista Ayrton Araújo foi o único que conseguiu renovar seu mandato nas urnas.

Isso porque os também reeleitos (Republicanos), Carlão (PSB) e (SD) se consideravam brancos em 2016. Passados quatro anos, o trio mudou a declaração de cor ou raça à Justiça Eleitoral.

Além deles, engrossam o número de pretos e pardos na Casa os eleitos Clodoilson Pires (Podemos), Cel. Alírio Villassanti (PSL), Dr. Jamal (MDB), Edu Miranda (Patriota), Junior Coringa (PSD), Professor Riverton (DEM), Ronilço Guerreiro (Podemos) e Silvio Pitu (DEM).

Aos menos um deles, Ronilço Guerreiro, garante que pretende encampar a pauta racial. “Precisamos dar voz ao negro, dar oportunidades, fazer políticas públicas para o negro ter acesso à Cultura, Educação, melhorar a autoestima do negro. Quero ser um vereador provocativo nesse sentido”, diz.

Só 11 pretos ou pardos foram eleitos para prefeituras 

Pelo interior, apenas um candidato autodeclarado preto venceu as eleições para prefeito este ano. Marcelo Pé (DEM), que já administra o município de Antônio João, foi reeleito com 50,63% dos votos. A reportagem procurou Marcelo, que não retornou as ligações.

Outros dez candidatos identificados pela cor parda venceram o pleito para prefeito em Mato Grosso do Sul. Assim, negros vão administrar 13,92% das cidades sul-mato-grossenses a partir do ano que vem.

São eles: Dalmy (), Alexandrino Garcia (Aral Moreira), Japão (Dois Irmãos do Buriti), Léo (Eldorado), Aristeu Nantes (), Iranil Soares (), Edson Moraes (Miranda), Valdir Junior (Nioaque), Buda do Lair (Rio Negro) e Juninho (Rochedo).

Mas o percentual caiu em relação aos eleitos em 2016, quando 16 municípios escolheram pretos ou pardos para a prefeitura. Ou seja, 20,25% do Estado.

Candidaturas negras são maioria no País, mas não em MS

Pardos e pretos foram maioria nestas eleições municipais no Brasil, com 49,9% das candidaturas, contra 48,1% de autodeclarados brancos.

Mas o quadro foi diferente em Mato Grosso do Sul, com 52,25% de candidatos brancos e 42,96% pardos ou pretos.

A Justiça Eleitoral exige a autodeclaração de cor ou raça dos concorrentes desde as eleições de 2014.

Além disso, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem se movimentado para promover a igualdade racial na política representativa. Em agosto deste ano, o tribunal decidiu que a distribuição dos recursos do FEFC (Fundo Especial de de Campanha), o popular Fundo Eleitoral, deve ser proporcional ao total de candidatos negros dentro dos partidos. O mesmo vale para o tempo de propaganda eleitoral gratuita na televisão, bem como no rádio.