Considerada uma das estrelas da gestão de Jair Bolsonaro (sem partido), a ministra Tereza Cristina (DEM) tem a permanência à frente do Ministério da Agricultura questionada por ala dos Democratas, que teme desgaste do nome dela em meio a denúncias de interferência política da Presidência em investigações federais.

As informações são do Jornal Folha de , com base na avaliação feita por integrantes da cúpula do partido. Depois de perderem o Ministério da Saúde, na última semana, com a saída de (DEM), os Democratas temem a repercussão das denúncias feitas pelo ex-ministro contra Bolsonaro.

Conforme o jornal, a própria ministra já estaria sendo alvo de ataques virtuais de bolsonaristas simplesmente por pertencer ao mesmo partido do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a quem o presidente classificou como adversário.

Outro ponto de divergência seriam os esforços empregados por ela na manutenção de negociações com a que, apesar de ser a principal consumidora do agronegócio brasileiro, vem sendo alvo de constantes críticas do filho do presidente, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Apesar de defenderem a saída, dirigentes do DEM reconhecem que a indicação de Tereza não foi feita pela legenda e, por isso, não condicionariam  a permanência dela no partido à decisão de deixar a pasta. Mesmo assim, querem tanto evitar desgaste à sua imagem quanto desvincular o DEM do Governo. Aliados de Maia seriam, conforme a Folha de SP, os principais defensores da saída.

Pesa ainda o fato de ela ser liderança reconhecida no setor agropecuário e ter mandato na Câmara dos Deputados. Se ela retornar à Casa, perde a vaga a deputada federal Bia Cavassa (PSDB).

Pandemia

Dificuldades na relação do ministério com o Governo teriam sido aumentados após o filho do presidente acusar a China pela pandemia do Covid-19, desencadeando uma série de ataques ao país asiático. A situação criou uma crise diplomática com a Embaixada e teria motivado reclamações da ministra ao presidente, sobre interferências que estariam prejudicando as relações comerciais.

Na última quinta-feira (23), o presidente do DEM ACM Neto se reuniu com o presidente, que teria reiterado desejo de manter bom relacionamento com a sigla, mas não poupado críticas a Rodrigo Maia. Apesar de ainda não se posicionar contrário ao Governo, o DEM sinaliza que não irá integrar sua base com as outras siglas do grupo denominado Centrão.

A reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com a ministra Tereza Cristina e o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta sobre os rumos do partido na gestão de Bolsonaro e aguarda retorno.