A ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), afirmou nesta quarta-feira (25) durante o Encontros dos Ministros da Agricultura do Brics não acreditar que o discurso do presidente Jair Bolsonaro (PSL) interfira nas exportações do agronegócio brasileiro. Ela ainda avaliou que o chefe do Executivo nacional foi coerente as posições tomadas anteriormente.

O encontro entre os ministros do Brics – bloco econômico envolvendo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – acontece nesta quarta e na quinta-feira (26) em Bonito, onde será assinado a Carta de Bonito, com metas a serem trabalhadas em conjunto no agronegócio.

“Não interferem nas exportações [fala de Bolsonaro] e o presidente falou o que os brasileiros queriam que ele falasse, a grande maioria. Ele colocou um tom dele, diferente dos outros discursos do passado. Foi um discurso do que é Bolsonaro, o que ele prega. Foi sincero e ele disse o que tem ideia, o que quer fazer e como vai fazer”, afirma a ministra.

Tereza Cristina ainda criticou países que usam problemas ambientais que, para ela, são superdimensionados, chegando a destacar que as queimadas acontecem na área de savana, nas “bordas” da Amazônia. “São mecanismos que países acostumados a ter esses mercados ficam muito incomodados com o protagonismo do Brasil, principalmente no agronegócio”.

Ela ainda completa que é preciso, agora, melhorar a produção de alimentos e fazer com que, assim, eles fiquem mais baratos e cheguem a mais pessoas. “Existe muita fome e os países do Brics trabalham para isso, que nossos produtos cheguem ao mercado de maneira mais friendly [ou seja, de forma mais amigável e atendendo também demandas sociais]”.

Ministra diz que discurso na ONU não afeta agronegócio e que Bolsonaro foi coerente
Ministra Tereza Cristina ao lado do secretário de Estado, Jaime Verruck (Leonardo de França, Midiamax)

Mercado no Oriente Médio

A ministra aproveitou para contrapor as críticas falando sobre o trabalho realizado para abrir mercados. Na semana passada, ela retornou de missão no Egito e Oriente Médio, onde conquistou novos acordos para os produtos nacionais e conheceu tecnologias.

“Brasil cada vez produz mais. Temos um aumento pequeno de área, mas o Brasil mesmo assim vem produzindo cada vez mais, em maior volume. Precisamos abrir mais mercados e é isso que a gente vem fazendo. Essa viagem foi para dizer ‘estamos aqui’. É muito importante você ficar olho no olho com as pessoas que estão lá e vão negociar com o país”, frisa Tereza, que completa.

“Então fomos lá para dizer o que nós temos, o que nós queremos, o que podemos trocar. O mercado não é uma mão única, temos que fazer uma mão dupla. Eles [árabes] tem grande dificuldade de produção por causa do deserto, e eles estão mesmo assim fazendo muita coisa interessante através da utilização de tecnologia de ponta”.

Tereza Cristina também destaca que, atualmente, o Brasil ocupa 70% do mercado de carne de aves nesses países. “Agora eles estão com uma política diferente. Querem que continuemos exportando, mas querem que empresas brasileiras produzam lá também. Pediram para que a gente motive as nossas empresas a não só adotar exportações, mas produzirem lá também”, finaliza.