Justiça ouve família de Beto Mariano em audiência da Lama Asfáltica
chegando à sede da Polícia Federal, em , quando foi preso, em maio passado (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo Midiamax)

Preso desde o ano passado, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, sua esposa, filha e genro foram ouvidos na tarde desta quinta-feira (28) em audiência na ação de improbidade administrativa por enriquecimento ilícito, decorrente da Operação Lama Asfáltica. Os depoimentos foram prestados na 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, ao juiz David de Oliveira Gomes Filho.

A audiência durou mais de duas horas e os réus permaneceram em silêncio a maior parte do tempo, por orientação da Defesa. Eles informaram que depois de serem ouvidos na esfera criminal, em processo que tramita na Justiça Federal, irão explicar à Justiça Estadual como adquiriram o patrimônio questionado na ação – cujo valor é de R$ 3,6 milhões.

Na audiência, os questionamentos foram feitos pelo promotor de Justiça Marcos Alex. O primeiro a falar foi Beto Mariano. Em uma das poucas perguntas respondidas por ele, informou que era engenheiro servidor público do Estado há 40 anos.

Emoção

Depois de Beto, foram ouvidas sua esposa Maria Helena Miranda de Oliveira, a filha Mariane Mariano de Oliveira Dorneles e o genro João Pedro Figueiró Dorneles.  A audiência foi marcada por emoção dos familiares, relatou o juiz David de Oliveira. Foi nesta tarde que Beto viu pela primeira vez o neto, que nasceu enquanto ele estava na prisão.

Após serem ouvidos, os réus foram permanecendo na sala para ficar mais tempo junto com o servidor. No final da audiência, o juiz autorizou que eles se reunissem por alguns minutos na presença dos policiais, enquanto tratava de questões processuais com os advogados.

Após a oitiva da família, o próximo passo do processo será ouvir as testemunhas de Defesa no próximo mês. A partir disso, será dado prazo de 15 dias úteis para as alegações finais e o processo estará pronto para a sentença, informou o juiz.

Enriquecimento ilícito

A ação civil de improbidade administrativa a que a família de Beto Mariano responde é decorrente da Operação Lama Asfáltica. Segundo a denúncia, o servidor que atuava como fiscal de obras da Agesul utilizou a esposa, filha e genro para esconder patrimônio e movimentar quantias injustificáveis.

Conforme a acusação, os familiares teriam servido como “laranjas” do servidor, que transferia dinheiro para as contas da esposa e da filha, em benefício de pessoas como Edson Giroto, ex-secretário estadual de obras durante a gestão de André Puccinelli (MDB) e João Afif Jorge, ex-coordenador da Agesul.

Segundo o Ministério Público, houve omissão de rendimentos de Beto e da esposa dos anos de 2008 a 2014 e a origem dos recursos poderia estar atrelada ao esquema criminoso investigado na Lama Asfáltica. A filha dele, Mariane, passou então a ter considerável evolução patrimonial adquirindo propriedades rurais inclusive em conjunto com Edson Giroto e Afif.