Um dos motivos para que os procuradores da Lava Jato rejeitassem a delação premiada feita pelo da Câmara Federal, Eduardo Cunha, foi ele não ter levantado acusações contra nomes como o do ex-presidente e do ex-ministro Carlos Marun, que tem como base política o Mato Grosso do Sul.

A revelação foi feita nesta terça-feira (10) em reportagem do portal UOL, em parceria com o The Intecept, na série Vaza Jato. As informações foram obtidas a partir de interceptações de mensagens trocadas no aplicativo Telegram.

Conforme a reportagem, os procuradores queriam informações sobre Marun, Temer e de integrantes do Judiciário carioca, além de dados referentes a compra de votos para a eleição de presidente da Câmara. Repasses em dinheiro feitos pelo dono da JBS, Joesley Batista, e pelo lobista Júlio Camargo, também estariam no alvo.

Porém, como os alvos que interessariam aos procuradores não foram atingidos, a delação premiada não foi aceita e Cunha, no final de todo o processo, acabou sendo preso. “Recebi com imensa revolta [os fatos revelados]. O Eduardo Cunha resistiu à pressão e não mentiu para me incriminar”, frisa Marun, que completa.

“Mas quantos não resistiram e incriminaram pessoas inocentes?”, destaca, afirmando ainda que Cunha apresentou uma relação prévia de delatados e recebeu como resposta de “elementos do MPF” que só sairia da cadeia se dissesse alguma coisa comprometessem os alvos naquela momento, entre eles Marun.

“Cunha se recusou a mentir e por isto está preso. Se ele tivesse concordado em me caluniar estaria solto e eu com a minha vida destruída. Eu, minha família e meus verdadeiros amigos estaríamos sofrendo em função de uma mentira exigida por homens e mulheres que deveriam zelar pelo respeito a Lei”, dispara o ex-ministro.

Marun segue com as críticas ao Ministério Público e afirma que “tenho família, pai e mães vivos com quase 90 anos, que podiam não ter resistido se o Cunha não tivesse resistido a pressão. É uma criminosa irresponsabilidade”, completa.

Atualmente Marun é conselheiro da Binacional por indicado por Temer no fim do ano passado. Contudo, sua indicação foi suspensa após ação ser aceita pelo (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).

Apenas cinco meses após ficar afastado e sem o salário de R$ 27 mil, sem precisar morar na cidade de , já que as reuniões em que precisa ir são bimestrais, é que o TRF3 o liberou, cassando a liminar anterior que o impedia de ficar no cargo.