‘Empresas lavavam dinheiro em benefício de Temer', diz procuradora; grupo recebeu R$ 1,8 bi
Ex-presidente e o ex-ministro Moreira Franco foram presos nesta quinta-feira (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Em coletiva na tarde desta quinta-feira (21) o MPF (Ministério Público Federal) afirmou que durante, pelo menos, 20 anos a organização criminosa chefiada por Michel Temer (MDB) teria recebido cerca de R$ 1,8 bilhão. Esse dinheiro chegava ao grupo por meio de empresas de fachada que, de acordo com a procuradora da República Fabiana Schneider, lavavam dinheiro “para beneficiar a família de Temer”.

Durante o pronunciamento, que também contou com a participação da do Rio de Janeiro, a procuradora adiantou que essas empresas, como a Argeplan e a PDA Projetos, mantém, até os dias de hoje, contratos com empresas públicas.

“Na busca e apreensão na casa de Maristela Temer [filha do ex-presidente] ficou claro o favorecimento”, declarou a procuradora. Segundo o MPF, uma reforma na casa de Maristela teria custado R$ 1,6 milhão, dinheiro que teria vindo de pagamento de propina.

Ainda conforme Schneider, em outubro do ano passado, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) teria identificado uma tentativa de depósito de R$ 20 milhões, em espécie, na conta da empresa Argeplan, que está em nome de João Baptista Lima Filho, conhecido como Coronel Lima, amigo de Temer e que seria o operador do esquema do ex-presidente, e que também foi preso nesta quinta-feira.

De acordo com o procurador da República Eduardo El Hage, a prisão de Temer e do ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, foram necessárias porque o grupo já havia tentado barrar o curso das investigações.

“Ele foi preso em decorrência dos crimes que praticou por uma vida inteira. É uma organização sofisticada, que continua em atuação e tentou, por várias vezes, obstruir as investigações. Eles têm poder econômico e político para isso”, declarou o procurador.

A prisão foi decretada no âmbito da Operação Radioatividade, que integra a Lava Jato, devido ao fato do grupo ter atuado na construção da usina nuclear de Angra 3, praticando crimes de cartel, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e fraudes à licitação. A organização criminosa é acusada de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro.

Os valores das propinas do esquema, de acordo com o MPF, eram parcelados em várias vezes. Para garantir a operação do grupo, eram nomeadas pessoas em cargos estratégicos para que propina chegasse a organização.