Completando nesta quinta-feira (20) dois meses da prisão do ex-governador André Puccinelli (MDB) e dos advogados André Puccinelli Junior e João Paulo Calves, foi publicado no Diário da Justiça o indeferimento do pedido de revogação de prisão ou conversão em domiciliar feito pelo filho do ex-governador.

A decisão é do juiz federal substituto Sócrates Leão Vieira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande, onde são julgados os processos da Operação Lama Asfáltica.

A defesa de Puccinelli Junior solicitou à Justiça os pedidos para que cuidasse dos filhos menores de idade. Anexou declarações de que os filhos estudam e alegou que é ele quem leva as crianças para a escola. Apesar de ter realizado um divórcio consensual com a mãe dos filhos, a defesa explica que é o advogado quem fica com as crianças durante a semana.

“Não se descuida de que a prisão de uma pessoa próxima, especialmente o pai, impõe às crianças em formação um grande sentimento de angústia, mas o dispositivo legal em questão, faculdade do Juiz, busca preservar o sustento e guarda dos menores”.

Atualmente, os filhos estão sob os cuidados da ex-mulher, que estava autorizada a ficar com as crianças aos finais de semana e durante as férias escolares.

Prisões

O ex-governador André Puccinelli, o filho Puccinelli Júnior e o advogado João Paulo Calves foram presos durante operação da Polícia Federal no dia 20 de julho deste ano com mandados emitidos pela Justiça Federal de Mato Grosso do Sul. Todos também foram presos em novembro do ano passado na Operação Papiros de Lama.

A Papiros de Lama foi fruto da delação premiada feita pelo pecuarista Ivanildo da Cunha Miranda, ex-operador do suposto esquema de propinas de Puccinelli entre os anos de 2006 a 2013.

Ele procurou a PF em agosto do ano passado e aliado aos seus depoimentos, perícias, documentos e provas coletadas nas outras quatro fases da Lama Asfáltica, os agentes conseguiram comprovar desvios de R$ 85 milhões, somente na Papiros de Lama.  Em toda a Operação, desde 2015, o dinheiro desviado de recursos públicos ultrapassa R$ 235 milhões.

A operação envolve a Receita Federal, Polícia Federal e o Ministério da Transparência. As investigações analisaram documentos que apontariam suposto esquema de desvio de dinheiro para propinas com a suposta emissão de notas frias do Instituto Ícone, que tem como sócio o filho do ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Na quarta fase da Operação, a Polícia constatou que uma concessionária de serviço público teria simulado compras de estação de tratamento e de livros jurídicos, como estratégia para pagamento de propinas.

A investigação também apurou indícios de irregularidades na compra de 3 mil livros, por R$ 300 mil, escritos pelo advogado e professor universitário André Puccinelli Júnior, filho ex-governador, que podem ter irrigado o esquema criminoso investigado pela Operação Lama Asfáltica.

O Instituto também foi citado na delação de Wesley Batista, um dos empresários do Grupo JBS. A empresa teria fornecido notas frias para suposto recebimento de propina de Puccinelli do império da carne no Brasil.