A cúpula do governo de Reinaldo Azambuja (PSDB) é alvo de uma operação da Polícia Federal que apura suposto esquema de pagamento de propinas em troca de benefícios fiscais em Mato Grosso do Sul. Também estão entre os implicados o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), preso na manhã desta quarta-feira (12), e o ex-deputado federal tucano e atual conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Marcio Monteiro.

As investigações começaram em janeiro deste ano, após trechos da delação dos donos da JBS confirmarem denúncias anteriores sobre a suposta emissão de notas fiscais frias emitidas por pessoas ligadas ao tucano. O parlamentar Zé Teixeira teria emitido R$ 1,6 milhão em notas frias da venda de bois.

Ex-secretário da Sefaz que foi indicado ao TCE-MS por Reinaldo, o conselheiro Márcio Monteiro teria, segundo os irmãos Joesley e Wesley Batista, emitido outros R$ 333 mil em notas frias.

A PF limitou-se a dizer, por meio de nota, que parte da propina paga aos integrantes do atual governo se deu antes mesmo que Reinaldo tomasse posse como governador. O Jornal Midiamax já havia publicado, no começo do mês de agosto, a informação de que a JBS antecipou, na campanha de 2014, dinheiro de suposto pagamento de propina a Reinaldo Azambuja.

De acordo com os novos trechos da delação, aos quais o Jornal Midiamax teve acesso com exclusividade, os créditos fiscais concedidos pelo governo à JBS giravam em torno de R$ 10 milhões por mês, sendo que 30% desse montante, cerca R$ 3 milhões, eram repassados ao governador Reinaldo, segundo detalhou Wesley no acordo de colaboração premiada

Dos R$ 70 milhões que teriam sido pagos a Reinaldo, em forma de propina, parte deles, cerca de R$ 10 milhões foram antecipados, afirmou Wesley, na campanha de 2014, eleição vencida pelo tucano. Valor que foi ‘cobrado' de Azambuja, logo após ele ser empossado no cargo, em janeiro de 2015.

Na nota, a PF detalhou que além do dinheiro de propina pago na campanha de 2014, alguns pagamentos teriam acontecido em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), em 2015, já durante o mandato de Azambuja em Mato Grosso do Sul.

Os números apresentados pela Polícia Federal como recursos que não entraram nos cofres públicos, em razão dos benefícios fiscais concedidos à empresa frigorífica, somente entre 2015 e 2016, supera R$ 200 milhões, sendo que 30% deste montante, justamente os mesmos R$ 70 milhões delatados pelos irmãos Batistas, teriam sido pagos em propinas.

Operação

A Polícia Federal divulgou que aproximadamente 220 policiais federais cumprem 41 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, no âmbito da , em , Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna, e no município de Trairão, no Estado do Pará.

Além destes, também foram cumpridos outros três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul, pedidos pelo MP-MS (Ministério Público Estadual), de ações, que segundo a PF, têm o mesmo objeto ligado aos fatos investigados em âmbito federal.