‘É triste ver que não cessam essas tentativas de atrapalhar’

— O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a inclusão do presidente Michel Temer entre os investigados em um inquérito que apura o suposto pagamento de propina pela Odebrecht é uma “tentativa de atrapalhar o Brasil”. A inclusão de Temer no inquérito foi autorizada nesta sexta-feira pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF).Marun diz que Temer em inquérito é ‘tentativa de atrapalhar o Brasil’

— É triste ver que não cessam essas tentativas de atrapalhar o Brasil, através da incriminação e do envolvimento do presidente Temer. Mas, faz parte, infelizmente a gente tem que conviver com isso — afirmou o ministro.

Marun disse ainda que o governo já passou por situações bem mais difíceis e que não irá se abater:

— Situações bem mais difíceis não nos abateram, e não vai ser essa que vai nos abater — completou Marun.

A decisão do ministro Fachin atendeu a um pedido feito pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no início desta semana. No dia em que Dodge pediu a inclusão de Temer no inquérito, o ministro Carlos Marun havia declarado que a investigação iria “resultar em nada”, pois o presidente era um “homem honrado”.

Nesta sexta-feira, Marun voltou a defender o presidente e disse ter absoluta certeza de que ele seria inocentado:

— Temos a mais absoluta certeza. É uma questão anterior ao início do mandato e já deveras comentada e esclarecida — concluiu o ministro.

Para auxiliares de Temer, o fato não muda a situação do presidente, já que ele continua sem poder ser denunciado. Um ministro disse que a decisão foi “previsível”.

— O presidente estava sendo investigado e continua sendo investigado. Não muda nada. Ele continua não podendo ser denunciado. Esta é só uma notícia negativa — afirmou um assessor do presidente.

Em nota, o senador Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou esse é um “revés enorme para um governo”, e disse que o episódios reforça sua “convicção inabalável na independência da Dra. Raquel Dodge, à frente do Min. Público, e no rigor do Ministro Fachin, na condução da Lava Jato”.

O inquérito foi aberto há um ano para investigar os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), a partir do depoimento de seis delatores da Odebrecht. Um deles, Cláudio Melo Filho, relatou um jantar realizado no Palácio do Jaburu, com a participação do então vice-presidente, supostamente para discutir a divisão de valores destinados ao PMDB.

A propina teria sido paga para garantir tratamento privilegiado da Secretaria de Aviação Civil. Temer, Padilha e Moreira negam as acusações.

Temer já é investigado em outro inquérito no STF, que é baseado na delação da J&F e apura supostas irregularidades no Decreto dos Portos. No ano passado, o presidente foi denunciado duas vezes no Supremo, mas o andamento das denúncias foi interrompido pela Câmara dos Deputados.