Paraíso do Tuiuti ironizou manifestantes e governo Temer

Sensação do Carnaval carioca deste ano, a escola de samba Paraíso do Tuiuti chamou a atenção do país com referências negativas ao governo do presidente Michel Temer (MDB) e aos manifestantes a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Um dos líderes das manifestações em Campo Grande, o vereador Vinicius Sequeira (DEM) disse que não se sente atingido pelas críticas e rebateu os ataques.

“Não defendemos o governo Temer, defendemos o combate à corrupção”, diz Vinicius. “As pessoas que vestiram amarelo sequer votaram nele. Os que criticam o Temer são os mesmos que votaram nele quando era vice. Tenho orgulho de dizer que nunca votei no Temer”.

O parlamentar campo-grandense, que se destacou durante as manifestações de 2015 e 2016 como presidente nacional da Associação Pátria Brasil, o que impulsionou seus votos para chegar à Câmara da Capital, contra-atacou a escola de samba, ao dizer que a mesma criticou a reforma trabalhista, mas teria poucos colaboradores contratados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

“Fiquei sabendo que eles têm apenas três registrados com carteira assinada. O que é bastante irônico”, rebate o democrata. “Querem fazer críticas e não conseguem sustentar o sistema. Aqui mesmo, o PT teve problemas em pagar direitos trabalhistas, os encargos são muito pesados”.

Sobre o descontentamento com o governo Temer, mas a ausência de manifestantes nas ruas diante das notícias de corrupção, Vinicius diz que a população “saturou”.

“Eu não acho que essas pessoas estão apoiando o Governo, a aprovação do Temer é muito baixa. Isso [falta de manifestações] não é uma questão de apoio, é só de saturação. O brasileiro saturou um pouco do assunto, se você chamar para um protesto, a população não vai. Eu mesmo chamei depois da delação da JBS e não foram”, justifica o vereador da Capital.Líder de manifestações, vereador da Capital rebate críticas de escola de samba

Vice-campeã

A Paraíso do Tuiuti desfilou críticas sociais e políticas em seu desfile. Ala com operários obrigados a se desdobrar denunciavam as más condições de trabalho e criticavam a reforma trabalhista. Carteiras rasgadas mostravam que muitos brasileiros vivem sem direitos no trabalho informal.

Outra ala que chamou a atenção foi a dos “manifantoches”, sátira a manifestantes que seriam manipulados pelos poderosos. Como se fossem marionetes, eles estavam encaixados no pato da Fiesp – um dos símbolos contra o governo Dilma –  e carregavam uma panela, em referência aos panelaços da época.

No último carro, um vampiro vestia a faixa presidencial, numa alusão ao presidente Michel Temer. A fantasia do destaque ganhou o nome de Vampiro Neoliberalista.

A escola de samba colheu bons frutos com a proposta crítica. A Paraíso do Tuiuti ficou com o segundo lugar, atrás apenas da Beija-Flor, e garantiu o retorno à Sapucaí neste sábado (17) para o desfile das campeãs.