Ivanildo não tem mais o que delatar, diz defesa após operação Vostok
Reprodução/MPF

Pecuarista preso durante a Operação Vostok da Políca Federal, Ivanildo da Cunha Miranda é apontado pela Polícia Federal como “operador” do esquema que envolvia concessão de benefícios fiscais em troca de propina no Estado. A defesa do pecuarista, que já fez delação premiada ano passado detalhando o esquema, descarta uma nova delação após a operação da semana passada.

O advogado Newley Amarilla disse ao Jornal Midiamax que a prisão do cliente dele, solto ontem (16) depois do fim do prazo da prisão temporária, não interfere na delação premiada já homologada pela Justiça.

“Ao contrário do que afirma a PF nessa operação, Ivanildo não operou para o Reinaldo [governador Reinaldo Azambuja], ele só fez isso para André Puccinelli”, afirma o advogado.

Justificando que não há fatos novos na Operação Vostok, a defesa de Ivanildo diz que o pecuarista “não tem mais o que delatar agora”.

Ainda segundo a defesa, a tese é confirmada pelo “pessoal da JBS” – os executivos da empresa – que não teriam afirmado em seus depoimentos que Ivanildo era operador do esquema na gestão de Reinaldo.

Soltos

Os 13 presos durante a Operação Vostok, deflagrada em Campo Grande na última quarta-feira (12), foram liberados no início da tarde deste domingo (16),  prazo em que venceu o período de prisão temporária.

No dia da operação, 12 mandados foram cumpridos. Ficou em aberto a prisão do corretor de gado José Ricardo Guitti Guimaro, o Polaco, que se apresentaria neste domingo à Polícia Federal, mas adiou para segunda-feira (17). Ainda não há confirmação se Polaco já se apresentou à PF.

Delação e o caminho da propina

Ivanildo procurou a PF em agosto de 2017, e aliado aos seus depoimentos, perícias, documentos e provas coletadas nas outras quatro fases da Lama Asfáltica, os agentes conseguiram comprovar desvios de R$ 85 milhões, somente na Papiros de Lama.

Em toda a Operação, desde 2015, o dinheiro desviado de recursos públicos ultrapassa R$ 235 milhões.Segundo a PF, Ivanildo recebia dinheiro do grupo JBS, como já delatado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, e depositava em contas que Puccinelli determinava.

O dinheiro de propina era trazido da JBS de várias formas e em grandes quantias, dentro de mochilas e caixas, por exemplo, e além do testemunho do delator, os agentes encontraram planilhas que corroboram as investigações.Miranda, que buscava os valores em São Paulo e Rio de Janeiro, recebia entre R$ 60 a R$ 80 mil entre 2006 a 2010, valor que depois chegou a R$ 200 mil, para fazer o papel de operador da propina.