Executivos da J&F esconderam 'fatos relevantes' em delações, diz desembargadora
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Executivos do grupo J&F, alvo da Operação Capitu, deflagrada nesta sexta-feira (9) pela Polícia Federal, teriam ocultado “fatos relevantes” em delações premiadas. A afirmação consta em despacho assinado pela desembargadora Mônica Sifuentes, do TRF1 (Tribunal Regional Federal).

De acordo com o G1, foram determinadas as prisões de 19 pessoas nesta sexta-feira para apurar fraudes no Ministério da Agricultura. Entre as pessoas presas estão Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos do grupo J&F que fecharam acordo de delação com o Ministério Público Federal.

“Ao que parece, e à primeira vista, [os delatores] na verdade estão direcionando a atividade policial e investigatória para aquilo que lhes interessa revelar, ocultando fatos relevantes para o esclarecimento da atividade criminosa que se instalou no âmbito da administração pública federal”, afirmou.

Segundo os advogados de Joesley Batista, as investigações da operação começaram justamente a partir dos depoimentos do empresário. Alegam ainda que ele não poderia ser preso em razão de o acordo de delação prever imunidade.

Investigação

De acordo com as investigações, empresas doavam dinheiro irregularmente para políticos e partidos. Segundo as investigações, havia um esquema de arrecadação de propina dentro do Ministério da Agricultura para beneficiar políticos do MDB, que recebiam dinheiro da JBS, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Em troca, empresas do grupo eram beneficiadas.

Duas redes de supermercados lavaram parte dos R$ 15 milhões dos R$ 30 milhões envolvidos na Operação. De acordo com o delegado Mário Velloso, as redes distribuíram o dinheiro para políticos, aproximadamente R$ 9 milhões doados oficialmente para candidatos de 2014. Um dono foi preso e o outro, em viagem no Uruguai, negocia a entrega com a Polícia Federal.

Empresários e políticos foram presos porque estavam atrapalhando as investigações, segundo o delegado. Também foram cumpridos 63 mandados de busca e apreensão.

Quando era ministro da Agricultura, o vice-governador Antonio Andrade teria beneficiado a JBS ao determinar a regulamentação da exportação, a proibição do uso de antiparasita de longa duração e a federalização das inspeções de frigoríficos, segundo as investigações.

Em troca, o grupo empresarial teria pago R$ 2 milhões pela regulamentação da exportação de despojos e R$ 5 milhões na proibição da ivermectina de longa duração.

Se indiciados, os envolvidos vão responder pelos crimes de constituição, participação em organização criminosa, obstrução de Justiça, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.