Depois que o juiz federal Sergio Moro aceitou o convide do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para assumir o Ministério da Justiça, a defesa de Luiz Inácio Lula da Silva decidiu preparar um habeas corpus, usando como argumento a nomeação do juiz.
Segundo o Estadão, algumas pessoas com acesso à defesa informaram que os advogados do ex-presidente irão alegar que a nomeação de Moro ao ministério “comprova a tese de que o juiz foi parcial e tinha motivações políticas para condenar o ex-presidente”.
A declaração do vice eleito, general Hamilton Mourão, de que Moro teria recebido o convite ainda campanha a campanha eleitoral será um dos argumentos da defesa. Os advogados alegam que Moro liberou a delação de Palocci às vésperas das eleições de primeiro turno, apenas seis dias antes.
A ex-presidente Dilma Roussef (PT) se manifestou a respeito nas redes sociais e, segundo ela, a liberação prejudicou a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência e, inclusive, a sua para o Senado de Minas Gerais.
3 Seis dias antes do 1º turno, o juiz Moro vazou a delação de Palocci, que por falta de provas havia sido rejeitada pelo MPF, prejudicando a minha candidatura e a de Haddad
— Dilma Rousseff (@dilmabr) November 1, 2018
Já o deputado Wadih Damous (PT-RJ) afirmou que a atitude de Moro “É uma indecência. Mostra claramente que ele sempre misturou a atividade jurisdicional dele com a política”. A declaração do deputado faz parte da peça de defesa do ex-presidente.
O ex-candidato à Presidência, Fernando Haddad, publicou em suas redes sociais sobre o significado, para ele, da nomeação de Moro. Segundo ele, a elite brasileira não entende o que é república.
Se o conceito de democracia já escapa a nossa elite, muito mais o conceito de república. O significado da indicação de Sérgio Moro para Ministro da Justiça só será compreendido pela mídia e fóruns internacionais.
— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) November 1, 2018
Tarso Genro, ex-ministro da Justiça, se posicionou dizendo que, ao aceitar o convite, Moro acabou por confirmar as suspeitas de que conduziu o processo de Lula com parcialidade. “Apenas confirma as suspeitas sobre a sua isenção, como Juiz, nos processos lawfare encetados contra Lula”, disse.
Ainda segundo Tarso, o juiz exerceu sua função pautado “pelas formas altamente politizadas e tecnicamente manipuladas com que conduziu os processos e pela ilegalidades de forma e conteúdo que cometeu na condução dos mesmos”.