Depois de criticar suposto vazamento de informações sobre investigação da Polícia Federal na Operação Registro Espúrio, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), afirmou nesta segunda-feira (9) que protocolou tanto na PF quando na PGR (Procuradoria-Geral de Justila) queixa-crime. O ministro pediu que inquérito policial seja aberto para apurar a situação.
Em entrevista no Palácio do Planalto nesta tarde, Marun afirmou que espera que o assunto seja elucidado. Na semana passada, a informação de que Marun era alvo da PF na investigação sobre fraudes no Ministério do Trabalho foi publicada por vários jornais.
“Não me conformo com essa afirmação de que é impossível se descobrir quem vaza, vazamentos são crimes e são crimes mais graves quando praticados no âmbito da PF, PGR ou do STF. Espero que isso esteja elucidado”, afirmou Marun.
O ministro também falou sobre a escolha do advogado Caio Vieira para assumir o Ministério do Trabalho, após a saída de Helton Youra (PTB). Segundo Marun, a indicação foi pessoal do presidente Michel Temer (MDB) e não tem relação com negociações políticas.
Questionado sobre a falta de espaço do PTB, partido que historicamente comando o Ministério do Trabalho, o ministro afirmou que a sigla deixa um legado no Governo, principalmente com relação à reforma trabalhista, “mas nesse momento o novo ministro tem liberdade de escolher sua equipe”.
Investigação
Segundo a Folha de S. Paulo, a Polícia Federal pediu autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun e de sua chefe de gabinete, Vivianne de Melo, mas a Procuradoria-Geral da República entendeu que, por ora, não havia provas de que o emedebista integrava a organização criminosa.
No despacho de sexta (29) em que afastou do cargo o ministro do Trabalho, Helton Yomura, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator das investigações da Operação Registro Espúrio, concordou com o posicionamento da PGR, mas destacou trechos que reforçam suspeitas sobre Marun.
Em suas manifestações ao Supremo, a PF e a PGR apontaram que materiais apreendidos anteriormente pela Registro Espúrio, como mensagens de celular, mostram que Marun “se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades [sindicais] de seu interesse”.
Há conversas entre a chefe de gabinete de Marun, Vivianne, e Renato Araújo Júnior, ex-coordenador de Registro Sindical do Ministério do Trabalho atualmente preso, que, para os investigadores, evidenciam as demandas do ministro da Secretaria de Governo dentro do Ministério do Trabalho.