Conversa foi gravada por empresário que denunciou suposta extorsão

Trecho das 6 horas de gravação que, segundo empresários, comprovariam suposto esquema de cobrança sistemática de propina em troca de benefícios fiscais no Governo Estadual de Mato Grosso do Sul, implica diretamente a cúpula da Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de MS). No áudio, José Ricardo Guimaro, o ‘Polaco’, garante que Lauri Luiz Kener, auditor-fiscal e superintendente de administração tributária nomeado por Reinaldo Azambuja (PSDB), teria recebido R$ 100 mil, “limpinho, em dinheiro”.

‘Polaco’ foi gravado por José Alberto Berger, do curtume Braz Peli, quando, segundo o empresário, estaria intermediando a negociata após ser indicado pelo então chefe da Casa Civil, Sérgio de Paula (PSDB). Além de Lauri, aparece no áudio um ‘Elias’, qua também seria auditor-fiscal na Secretaria de Fazenda.

Indignado com a cobrança de uma mensalidade de R$ 150 mil, que teriam como destinatário integrantes do primeiro escalão do governo tucano em Mato Grosso do Sul, o empresário questiona o pagamento a fiscais da Sefaz.

“Quem é o Elias na ordem do dia? E o Lauri não recebeu R$ 100 mil?”, questiona Berger no áudio.

“Recebeu R$ 100 mil. Limpinho, em dinheiro”, responde Polaco, sobre Lauri. Na conversa não há mais detalhes sobre ‘Elias’, já que existe mais de um servidor na pasta com este nome.

Já Lauri Luiz Kener, que também é pecuarista e recentemente foi premiado durante um seminário de Novilho Precoce, possui dois vínculos com governo, que somados lhe garantem um salário bruto mensal de cerca de R$ 55 mil.

A reportagem entrou em contato com Lauri, na Sefaz, a primeira informação é que ele estava em reunião. Diante da insistência em ouví-lo, o superintendente apenas respondeu que somente a assessoria de imprensa da Sefaz-MS falaria sobre o caso.

Tentamos contato com o chefe de Lauri, o titular da Sefaz e deputado federal licenciado, Marcio Monteiro (PSDB), que não atendeu as ligações. A assessoria da pasta também não respondeu os questionamentos até a publicação da matéria.

Denúncias

As denúncias que envolvem cobrança de propina para liberação de licenças e concessão de benefícios fiscais na Sefaz vieram à tona com a delação de Wesley Batista, dono da JBS, e foram ampliadas depois que o empresário João Alberto Berger divulgou gravações que mostram a entrega de propina, garante ele, a Polaco, um intermediário indicado pelo ex-secretário da Casa Civil, Sérgio de Paula (PSDB).

Depois da delação dos donos da JBS, que afirmaram que existe em Mato Grosso do Sul um esquema de cobrança de propina em troca de benefícios fiscais que implica os ex-governadores Zeca do PT, André Puccinelli (PMDB) e o atual Reinaldo Azambuja, empresários do setor frigorífico do Estado também divulgaram novos fatos relacionados à mesma denúncia.

O presidente da Assocarnes-MS (Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidoras de Carnes do Estado de Mato Grosso do Sul), João Alberto Dias, revelou ao Jornal Midiamax, que existem pelo menos 6 horas de gravações, em áudios e vídeos, de diversos empresários com servidores do governo estadual cobrando ou recebendo propina de empresas frigoríficas, que serão remetidas ao Ministério Público Estadual e Federal.

O titular da Sefaz, Marcio Monteiro, também teria, segundo delação de Wesley Batista, fornecido notas fiscais frias para garantir o recebimento de propina para a gestão Azambuja. 

Assista ao vídeo.