Auditoria revela médicos sem nenhum atendimento
“Vou continuar fiscalizando os médicos. É claro que quem chega com meia hora, uma hora de atraso, não quer ser fiscalizado. Por isso tem nota de repúdio”, disse o prefeito Marquinhos Trad (PSD) nesta quarta-feira (22) após ser questionado sobre a reação do Sindicato dos Médicos ao anúncio de compra de medicamentos para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Deve ser divulgado ainda nos próximos dias o resultado de uma auditoria na pasta, que revelará que médicos da Equipe Móvel, projeto criado na administração de Alcides Bernal (PP) para desafogar o atendimento nas UPAS (Unidades de Pronto Atendimento), gerava adicionais de plantão com nenhuma produtividade.
“Os médicos eram pagos para irem atender nas UPAs onde tivesse maior quantidade de pessoas, mas recebiam pelos plantões e não registravam nenhum atendimento. Eram pagos para ficarem dormindo ou olhando celular. É claro que ninguém gosta de ser fiscalizado. Então, vai ter reação mesmo. Mas isso não vai me amedrontar”, avisou.
Marquinhos prevê medidas administrativas de punição após o resultado das auditorias serem divulgados. “Antes não tinha ninguém para interpelar”, comentou.
Em nota divulgada nesta terça-feira (21), o Sindicato dos Médicos lamentou “as ilusórias notícias que vêm sendo divulgadas a respeito da situação da saúde pública em Campo Grande. Em recente publicação, a Secretaria de Saúde afirmou que 75% do estoque de medicamentos foi regularizado, porém a realidade é outra, as prateleiras continuam vazias e os principais remédios em falta”.
A categoria reclamou do salário de R$ 2.516,72, que não é reajustado há mais de três anos, do déficit mensal de mais de 500 médicos e falta de concurso público.
No mesmo dia, a Prefeitura de Campo Grande rebateu nota de repúdio afirmando que “a compra de medicamentos, realizada já no início de gestão, corresponde a 75% da necessidade da rede pública de saúde e foi distribuída entre as unidades da rede”.
O texto assinado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informa ainda que novo processo de compra de remédios para atender a demanda “sempre crescente das unidades de saúde” foi instaurado.
A Sesau disse que trabalha para “manter um serviço público que atenda a padrões de qualidade e eficiência”, porém, lembrou que é de conhecimento público que a “saúde pública apresenta diversos problemas, tanto pela deficiência de recursos quanto pela extensão e complexidade do sistema público de saúde, problemática que não é exclusiva de Campo Grande”.