Órgão aponta número extensivo de delatores, falta de documentos e provas
A Polícia Federal apontou falhas nas delações da Odebrecht, aprovadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República), o que pode comprometer as investigações do órgão. Entre os problemas identificados, a PF aponta o alto número de delatores: 77 ex-executivos da empresa firmaram acordo com a Procuradoria.
Para a PF, esse número poderia ser reduzido para seis, que teriam colaboradorado efetivamente. Entre eles estão Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, Hilberto Mascarenhas, chefe do setor de propina, e Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura.
A Polícia Federal também identificou falhas na falta de documentos que comprovem algumas alegações dos delatores, na mudança de versões apresentadas por colaboradores e na fato de, até hoje, os investigadores não terem acesso aos sistemas utilizados para fazerem repasses de propina aos parlamentares.
Um caso em que a falta de acesso ao sistema de lançamento de recursos operados pelo Setor de Operações Estruturadas, área onde eram feitos os pagamentos de propina, resultou em dúvidas é o do deputado Onyx Lorenzoni (DEM). A doação de propina ao parlamentar teria acontecido antes dos sistemas internos da Odebrecht existirem, o que faz a PF questionar sobre qual teria sido o momento em que os dados foram computados.
Já no caso da deputada Maria do Rosário (PT), a falta de documentos que comprovem e mostrem como foram feitos o pagamento de caixa dois à deputada também são questionados pela Polícia Federal.
Ao todo, as delações dos executivos Odebrecht resultaram em 70 inquéritos, em que são investigados oito ministros, 39 deputados e 24 senadores. Após as investigações da PF, caberá à PGR tomar decisão sobre denunciar os envolvidos à Justiça, que irá analisar se as denúncias procedem ou não.
“O atual estágio das investigações em decorrência das colaborações dos executivos da Odebrecht não permite ainda fazer juízo definitivo sobre a eficácia dos acordos, por estarem em apuração. Essa análise caberá, em momento devido, ao Judiciário”, afirmou a PGR em nota.