Lúcio Funaro está preso há dez meses

O economista Lúcio Funaro, apontado como o operador do ex-deputado (PMDB) em um esquema de recebimento de propinas, se aproxima de fechar um acordo de delação premiada, segundo relataram pessoas próximas do operador ao Portal UOL.

Funaro está preso desde julho de 2016, após a Operação Sépsis. Nesses dez meses, o economista se negou a colaborar com a Justiça, mas essa situação mudou após sua irmão, Roberta Funaro, ser presa na Operação Patmos no mês passado.

Roberta foi flagrada recebendo R$ 400 mil de operadores da JBS, no âmbito da delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa. A PGR (Procuradoria-Geral da República) afirma que o dinheiro era pago para manter o irmão em silêncio na cadeia.

Até o momento, um pedido de liberdade feito pela defesa de Roberta aguarda avaliação do ministro relator da Operação Lava-Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin.

Para interlocutores de Funaro ouvidos pelo Portal UOL, os dez meses na prisão e a prisão da irmã cansaram o economista. “Está tudo muito difícil para ele, ele não aguenta mais nisso. Ele quer acabar com isso logo. O mais rápido possível”, disse um amigo do contador.

Os procuradores da Lava-Jato esperam que Funaro, em uma possível delação, revele informações ainda não conhecidas dos investigadores sobre os esquemas em que se envolveu.Operador de Eduardo Cunha ameaça delação após prisão de irmã

Esquemas

Um desses esquemas trata-se do desvio de recursos de um fundo de investimentos operado pela Caixa Econômica Federal, com recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

Nesse esquema, Funaro e Cunha atuavam juntos recebendo propina de empresas em troca de vantagens na hora de liberar recursos do fundo de investimentos.

Outro esquema envolve o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Neste, Funaro teria intermediado a entrega de R$ 1 milhão em um pacote a José Yunes, ex-assessor e amigo pessoal do presidente Michel Temer (PMDB).

Um delator da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, afirmou que esse pacote continha R$ 1 milhão de recursos acertados entre o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, e Michel Temer, para as eleições presidenciais de 2014.

José Yunes teria ficado responsável por entregar esse pacote a Eliseu Padilha. O ex-assessor negou à polícia que sabia que o volume continha dinheiro. Funaro também vem negando participação no esquema, até o momento.

(com supervisão de Evelin Cáceres)