Esacheu diz que se André continuar como líder partido não tem futuro

​Enquanto praticamente a maioria das lideranças peemedebistas defendem que o ex-governador André Puccinelli (PMDB) é o primeiro nome da sigla para uma eventual candidatura em 2018, assim como ocorreu em 2016, tem quem pense ao contrário. O ex-presidente regional da legenda, Esacheu Nascimento afirma que se continuar dessa forma, o PMDB não tem futuro. Puccinelli foi levado pela Polícia Federal coercitivamente para prestar depoimento e depois teve que colocar tornozeleira, pela Operação Máquinas de Lama, 4ª fase da Lama Asfáltica.

Para ele, o próprio André tem que ter a iniciativa de sair da linha de frente do partido, por conta de todas essas operações envolvendo seu nome e deixar que nomes sem problema represente a sigla. Esacheu enfatiza que a população está cada vez mais acompanhando as notícias e isso se reflete nas urnas, como foi visto recentemente.

“Lamento muito o que ocorreu com o ex-governador, mas não me surpreendeu. Como sou ligado a área jurídica certas coisas são previsíveis. Agora nós precisamos reunir o diretório do PMDB, que infelizmente não tem ocorrido e realizar uma discussão muito séria, o partido não pode ficar sobre a liderança de pessoas que estejam nesta situação. Não estou julgando, isso é com a justiça, mas partidariamente é preciso se analisar tudo isso”, disse.Operações envolvendo Puccinelli tem prejudicado PMDB, afirma ex-presidente

Esacheu, que atualmente é presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grade, mantenedora da Santa Casa de , o momento é muito sensível, em que a população não recebe bem uma situação dessa. Ele afirma que vai propor esta reunião. “Vou propor que possamos discutir os rumos do partido no Estado, por que uma situação dessa expõe a liderança que até hoje esteve à frente do e não podemos conviver dessa forma”.

Para o ex-dirigente da sigla, cabe ao próprio Puccinelli sair do posto de líder. “Há muito tempo vem se percebendo que o PMDB vem perdendo espaço com esses fatos que vem se desenrolando. Acho que André tem que ter a grandeza política de entender que ele precisa sair da linha de frente e deixar o partido se reestruturar se quiser representar essa parcela da sociedade que o parido sempre representou, caso contrário não vejo futuro para o partido”.

Receio

Ainda segundo Esacheu, as lideranças que o defendem, tem receio de enfrentá-lo. “Vejo que Puccinelli é uma das lideranças que quer se manter no posto e isso tem causado, como em outros partidos que tenha este mesmo caso, a saída de nomes que poderiam inovar e deslanchar, mas saem por falta de espaço. Temos a senadora Simone Tebet e o Senado Waldemir Moka, por exemplo, eles não precisariam ir para o embate tendo que fazer defesa pessoal como o André vai precisar, se insistirem nele. Eu não concordo em tê-lo como primeira opção”.

Sobre o por que vários nomes defendem Puccinelli, Esacheu diz ser por medo do enfrentamento. “Vejo que defendem ele como primeira opção e grande líder, muitas vezes por falta de atitude pessoal, interesse, falta de tempo para fazer política, mas também por não quererem o enfrentamento com André que é uma pessoa de confronto. Ele é uma figura autoritária. Eu, quando estava a frente do partido, era o único que dizia não. O momento é de mudar”.

Ao ser questionado sobre André ser cotado para presidir a legenda no Estado, Esacheu diz que o próprio André que se colocou como candidato. “Tudo isso precisa ser conversado com muita seriedade. Ele se colocou dessa forma, mas não vejo de forma correta. Precisamos debater com todos, mas claro que fica complicado ter uma liderança envolvida nessas questões policiais. O momento é de mudança”, finalizou Esacheu.

Máquinas de Lama

Agentes da Polícia Federal, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal deflagraram na manhã dessa quinta-feira (11) a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama, que tenta desmontar o que os agentes chamara de ‘organização criminosa' que desviou recursos públicos durante o governo de André Puccinelli (PMDB).

Segundo a Polícia Federal, os desvios eram feitos por meio de direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos, que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

Para justificar a propina, o grupo alugava máquinas e equipamentos utilizados em obras do governo estadual. As investigações mostraram que tais negociações de locação nunca existiram de fato, foram feitas apenas para dar uma origem lícita aos recursos financeiros. Foram estes alugueis que serviram para batizar a operação de Máquinas de Lama.

Além de Campo Grande, 270 agentes da PF, CGU e RF estão nas cidades de Nioaque, Porto Murtinho e Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, São Paulo (SP) e Curitiba (PR), são alvos dos Operação que cumpre três mandados de prisão preventiva, nove de condução coercitiva, 32 de busca e apreensão além do sequestro de valores nas contas bancárias de pessoas físicas e empresas investigadas.