Temer admitiu ter encontrado empresário fora da agenda
Na denúncia de corrupção passiva apresentada pelo procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB), o procurador afirma que Temer deu versões que “colidem entre si” sobre sua relação com o dono da JBS, Joesley Batista.
Janot afirma que Temer teria negociado vantagem indevida com Joesley, na quantia de R$ 500 mil, recebida pelo ex-assessor presidencial Rodrigo Rocha Loures. Temer e Loures também teriam aceitado uma “promessa” de vantagem indevida de R$ 38 milhões de Joesley, segundo a denúncia.
Ao se pronunciar sobre as gravações do dono da JBS, em 18 de maio, Temer teria feito uma “confissão extrajudicial”, segundo Janot. No pronunciamento, o presidente admitiu que se encontrou com Joesley à noite, após o horário de sua agenda oficial, em sua residência oficial em Brasília, no Palácio do Jaburu.
Também no pronunciamento Temer teria se contradito ao dizer que recebeu Joesley pois o empresário estaria preocupado com a Operação Carne Fraca. No entanto, a conversa teria ocorrido no dia 7 de março, dez dias antes da Operação. Após ser questionado sobre essa contradição, Temer disse que “se equivocou”.
Outra condição apontada na denúncia da PGR se refere a quando Temer realizou uma viagem, em 2011, em um avião da JBS. Primeiro o governo negou que tal viagem tivesse ocorrido. Depois, admitiu que Temer fez a viagem, mas que não sabia quem era o dono da aeronave.
Uma terceira declaração de Temer é questionada, quando ao comentar o encontro com Joesley, o presidente afirmou que recebia regularmente “muitos empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade brasileira” fora de sua agenda oficial, no Jaburu.
Segundo a denúncia da PGR, “não há registro de quaisquer compromissos” de Temer após às 22 horas em sua residência oficial. O presidente também “se recusou a apontar quem seriam essas pessoas com quem se encontraria”, de acordo com Janot.