Maior parte dos parlamentares afirmou que manifestações foram violentas

Em meio ao clima de guerra que se instaurou em Brasília durante as manifestações convocadas por movimentos contrários ao presidente Michel Temer (PMDB), a maior parte da bancada dos deputados de Mato Grosso do Sul classificou os protestos como violentos e desnecessários.

O deputado Elizeu Dionizio (PSDB) afirmou que o que ocorreu nesta quarta-feira (24) não foram manifestações, e sim uma “tentativa de ocupar o Congresso”. “Eles vieram com intuito de fazer bagunça, baderna, não de fazer manifestação”, diz o deputado. 

Ele afirmou que a das por meio de decreto assinado pelo presidente foi necessário. “Devia ter pedido desde o começo do dia, não só de tarde”.

Elizeu disse também que irá apresentar um requerimento na Câmara para saber quanto irão custar os reparos aos estragos causados na Esplanada dos Ministérios pelos manifestantes, para mostrar o prejuízo que os protestos causaram ao Brasil.

Em tom moderado, o deputado Geraldo Rezende (PSDB) afirmou que “houve exagero por parte das manifestações, que foram legítimas”, mas que, segundo ele, promoveram “uma verdadeira guerra, pondo em risco a vida de servidores, e o patrimônio público”.

Para o parlamentar os protestos não adiantam em nada no atual momento de crise política brasileira. Ele acredita que a convocação das forças armadas, revogada pelo presidente Michel Temer na manhã desta quinta-feira (25), foi necessária naquele momento, apesar de chamar o decreto de “extremado”.

“O presidente precisou convocar as forças armadas diante da fúria e da violência dos manifestantes, para que não houvessem resultados ainda piores. Hoje vários já questionaram aqui na Câmara esse decreto”, explica o deputado.

Em depoimento em suas redes sociais, o deputado Carlos Marun (PMDB) declarou apoio ao presidente Michel Temer, afirmando que agiu com “firmeza e com razão” ao decretar convocação das Forças Armadas nesta quarta-feira.

“Não é possível que baderneiros tentem coagir parlamentares, juízes e governantes a tomarem atitudes em acordo com seus anseios, nem sempre republicanos”, disse Marun. Ele pediu que os manifestantes cessem o “complô” que promovem, classificado por ele como “extremamente prejudicial ao país”.Deputados de MS criticam depredações em Brasília e apoiam uso do exército

A deputada Tereza Cristina (PSB) falou na tribuna da Câmara dos Deputados ainda nesta quarta-feira sobre as manifestações, e lamentou aquilo que ela chamou de “baderna” e “teatro”.

“São baderneiros, puseram fogo em Ministérios”, bradou a parlamentar. “Poderíamos aceitar essas manifestações se fossem pacíficas, mas não essa baderna, não essas pessoas que vieram aqui fazer esse teatro”, concluiu.

Tereza ainda afirmou que a convocação das Forças Armadas foi para “proteger a população de Brasília e a Casa”, e que não aceitaria distorções ao decreto do presidente Temer, considerado por setores populares como extremado.

O deputado Zeca do PT lamentou a repressão às manifestações por parte das Formas Armadas, chamando a medida promovida pelo presidente Michel Temer de “patética, agressiva e vergonhosa”.

“Brasília nunca viu uma manifestação da qualidade e de tamanho igual ontem. Tenho certeza que as depredações foram manipuladas. Estamos convencidos que houveram uns que se infiltraram pra fazer essas depredações”, disse Zeca ao jornal.

Para o petista, não havia necessidade de se convocar as Forças Armadas para garantia da ordem. “Com as polícias legislativas podiam muito bem prender os vinte, trinta, quarenta mascarados que estavam lá”, afirmou.

O deputado Dagoberto Nogueira (PDT) também criticou a convocação das Forças Armadas. “Nós estamos vivendo num estado de excessão, é como se a gente estivesse numa ditadura. Fazia muitos anos que não víamos isso aqui”, disse em vídeo em suas redes sociais.

Ele acredita que mais de 100 mil manifestantes tenham participado dos protestos, e alega que as ações “foram pacíficas, com participação de todas as centrais sindicais e a população”.

A reportagem tentou ainda conversar com os deputados Henrique Mandetta (DEM) e (PT), mas não obteve respostas.

(com supervisão de Evelin Cáceres)