PGR negocia delações com Eduardo Cunha e Funaro

O procurador-Geral da República, , afirmou que tem “colaborações em curso” que podem ajudar nas investigações contra o presidente (PMDB), por suspeita de obstrução da Justiça e organização criminosa. As declarações foram feitas em entrevista à Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (7)

Janot deverá deixar a PGR (Procuradoria-Geral da República) em 17 de setembro, quando termina seu mandato. Até lá, diz que “restam flechas” contra o presidente. Segundo a Folha, o órgão agora negocia acordos de delação com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) e Lúcio Funaro.

Sobre o julgamento da Câmara dos Deputados, que votou pelo arquivamento da denúncia contra o presidente Temer, Janot diz que a Casa “não barrou a denúncia”, e sim fez um “julgamento político de conveniência” sobre a melhor época para iniciar o processo penal contra Temer.

“A Câmara entendeu que não era conveniente o momento para o processamento do presidente. Que a Câmara agora arque com as consequências. Agora, a denúncia continua íntegra, em suspenso, esperando o final do mandato”, afirmou Janot.

A denúncia de corrupção passiva contra Temer apresentada por Janot tinha como base a delação da JBS. Segundo a denúncia, o presidente teria utilizado o deputado e seu assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para receber vantagens indevidas do grupo frigorífico. Delações em curso devem gerar novas denúncias contra Temer, diz Janot

Loures foi flagrado recebendo R$ 500 mil de um operador da JBS, Ricardo Saud. Para Janot, não era necessário que o dinheiro fosse comprovadamente entregue a Temer para que o crime restasse comprovado.

“Temos de entender que o crime de corrupção não precisa você receber o dinheiro, é aceitar ou designar a proposta”, disse Janot. “Uma pessoa que designa um laranja para acertar acordo ilícito, que acerta a propina e recebe a mala, vou exigir que a pessoa que designou o laranja receba pessoalmente o dinheiro? Jamais alguém vai comprovar” afirmou o procurador.

Para Janot, Temer deveria ter recebido a quantia pelo pagamento de alguma campanha, ou conta ou despesa em dinheiro. “Todas as investigações que fizemos mostram que uma organização criminosa atua de maneira profissional, não infantil”, declarou.