‘Já possuía patrimônios antes de entrar na vida pública’

A advogada do ex-servidor da SED (Secretaria de Estado de Educação), Jodascil da Silva Lopes, conversou com a reportagem após seu cliente depor e ficar preso na sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, em Campo Grande, nesta segunda-feira (15). De acordo com Andrea Flores, Jodascil já possuía patrimônios antes de entrar na vida pública.Advogada de Jodascil diz que bens eram anteriores a emprego público

Jodascil é apontado nas investigações da 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama, como responsável por autorizar irregularmente a inexigibilidade de licitação na compra de R$ 11 milhões, em livros da Gráfica Alvorada, no último mês da gestão de André Puccinelli (PMDB). Jodascil e todos os outros investigados tiveram R$ 100 milhões de contas e bens apreendidos.

A advogada disse que o ex-servidor já possuia patrimônio desde os anos 2000, antes de entrar na vida pública em 2006. Segundo Andrea, na época, Jodascil já tinha três mil cabeças de gado e três fazendas na região de Jardim. “Ele não virou fazendeiro depois de ser secretário”, disse.
Sobre o depoimemento, ela contou que Jodascil respondeu as perguntas e apresentou documentos em sua defesa. 

A respeito de não ter sido encontrado desde a última quinta-feira (11) e por até então não ter se apresentado, ela disse que o investigado estava incomunicável em uma fazenda em Jardim. 
Jodascil  responde por lavagem de dinheiro, peculato, corrupção e organização criminosa. O ex-servidor que está na sede da PF na Capital, aguarda uma vaga para o Centro de Triagem do Complexo de Segurança Máxima.

Operação

Agentes da Polícia Federal, CGU (Controladoria-Geral da União) e Receita Federal deflagraram na manhã de ontem, quinta-feira (11), a 4ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Máquinas de Lama, que tenta desmontar o que os agentes classificaram de ‘organização criminosa’, acusada de desviar recursos públicos durante o governo de André.

O ex-secretário adjunto de Fazenda de Mato Grosso do Sul, André Cance Júnior, e o dono da Gráfica Alvorada, Mirched Jafar Júnior foram presos. 

Na investigação, o ex-governador André Puccinelli (PMDB) e seu filho, André Puccinelli Junior, também foram levados de forma coercitiva para depoimentos. Puccinelli Júnior apareceu na investigação em virtude da compra de livros jurídicos de sua autoria por uma empresa de outro ramo, que depois doou teria doado o material para um sócio do advogado.

Além de tornozeleira eletrônica, as medidas restritivas impostas pela Justiça Federal ao ex-governador incluem pagamento de uma fiança de R$ 1 milhão, obrigação de não manter contato com demais investigados, proibição de sair da Capital por mais de 10 dias sem autorização judicial e obrigação de estar em casa todos os dias até no máximo as 21hs.

Segundo a Polícia Federal, os desvios eram feitos por meio de direcionamento de licitações públicas, superfaturamento de obras públicas, aquisição fictícia ou ilícita de produtos e corrupção de agentes públicos, que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 150 milhões aos cofres públicos.

Para justificar a propina, o grupo alugava máquinas e equipamentos utilizados em obras do governo estadual. As investigações mostraram que tais negociações de locação nunca existiram de fato, foram feitas apenas para dar uma origem lícita aos recursos financeiros. Foram estes alugueis que serviram para batizar a operação de Máquinas de Lama.