Prevê dois anos de trabalho, além da residência
Vários acadêmicos de medicina aproveitaram o manifesto que ocorreu nesta manhã para protestar contra o projeto de Lei 168/2012. Este institui o exercício social da profissão de médico, que para garantir emprego e exigir prestação de serviço dos graduados em medicina que obtiveram seus diplomas em cursos custeados com recursos públicos, em instituições públicas ou privadas.
Com isso, segundo a presidente da Aemed-MS (Associação dos estudantes de medicina de Mato Grosso do Sul) Caroline Martins, 22 anos, explica que se o projeto for aprovado, antes da residencia já estipulada antes de de fato ser considerado um médico, o acadêmico terá que prestar dois anos de serviço em qualquer local de saúde, a ser determinado pelo governo.
“Isso não é justo. Se isso for de aprovado, iremos demorar ainda mais para nos formar e começar a recuperar o investimento que fizemos em nosso curso. Outra coisa é que por que só os que estudaram o por meio de verba pública? Quer dizer que os que tem condições de pagar a mensalidade estão aptos para atuarem e a gente não?”, questiona Caroline, que está no 4º ano.
Ainda segundo ela, tem locais do interior do Estado por exemplo, que não há condições nenhuma de atendimento. “A culpa pelo atendimento precário sempre recai sobre o médico, mas há lugares que são totalmente precários e sem estrutura. É muito fácil nos cobrar e não dar suporte”.
Na mesma linha, falou o também acadêmico de medicina Agliberto Barsaglimi, 27 anos, que está no 5º semestre. “Esse projeto não está sendo divulgado como deveria e temos que alertar nossa categoria. Nesta data não estamos em muitos, mas em sala de aula, a maioria está preocupada com este projeto. Isso, se for aprovado, por que somente para medicina e não para todas as profissões então? No caso dos homens ainda temos que esperar o ano de alistamento obrigatório”.
O protesto desta manhã de domingo, foi em apoio a Lava Jato e contra o fim do foro privilegiado, lista fechada das eleições, prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fim do desarmamento, entre outros.
Projeto
A proposta é do senador Cristovam Buarque (PPS). O texto estabelece que os graduados em medicina que tiverem obtido seus diplomas em cursos custeados com recursos públicos, em instituições públicas ou privadas, obrigam-se a um período de dois anos de exercício social da profissão, imediatamente após a sua conclusão, durante os quais prestarão serviços contínuos.
Este será em sua área profissional, em municípios com menos de trinta mil habitantes e/ou em comunidades carentes de regiões metropolitanas; dispõe sobre as características dos cursos de medicina nas instituições de educação superior públicas e as que, embora privadas, tenham estudantes no regime de gratuidade integral.
Ao consultar a situação no site do Senado Federal o projeto está em audiência pública. O relator é o senador Paulo Paim (PT).
Foto: Cleber Gellio/Midiamax