Vereadores dizem que cabe à Prefeitura fiscalização de empresas de ônibus

Jogo de empurra deixa população sem respostas

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Jogo de empurra deixa população sem respostas

Se depender de vereadores e do prefeito Alcides Bernal (PP), os problemas para o transporte coletivo de Campo Grande parecem longe do fim. A equipe do progressista se calou sobre os questionamentos da reportagem. Já os parlamentares culpam Bernal e ainda não fizeram investigação mais aprofundada, como as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), comuns na atual legislatura.

Jornal Midiamax levou a conhecimento público uma denúncia de que o consórcio responsável pelo transporte coletivo, Guaicurus, estaria ‘escondendo’ veículos da população. Com as imagens, a reportagem procurou o presidente da consórcio, João Resende, que admitiu ter ônibus guardado.

“O transporte coletivo precisa estar em sintonia com o uso, para que não haja desperdício. A demanda é maior no horário de pico, por isso colocamos nesse horário os articulados para rodar. Fora desse horário, é desperdício colocar um ônibus daquele tamanho (mais de 20 metros) para rodar”, justificou.

Questionados sobre o tema, os vereadores revelaram indignação, mas também não demonstraram interesse em investigar mais a fundo. O problema é debatido na Câmara desde que Nelsinho Trad, então no PMDB e hoje no PTB, propôs a abertura da licitação para concessão, mas nunca recebeu grande atenção.

O vereador Eduardo Romero (Rede) concorda que há irregularidades e citou uma delas: a demora de dois anos para instalação do georeferenciamento (uso de GPS para que o passageiro saiba onde o ônibus está rodando).

“A justificativa é totalmente contrária ao que determinam as cláusulas contratuais da empresa. Precisam usar o ônibus articulado para aumentar a capacidade de transporte, em vez de reduzir”, opinou.

Indagado sobre CPI, o vereador disse que não sabe se caberia, embora já tenha feito muitos debates e encaminhado denúncia ao Ministério Público. “Vejo poucas ações efetivas. Quem tem a obrigação de fazer a conferência ou não e determinar os ajustes ou a suspensão é a prefeitura”, justificou.

O vereador Chiquinho Telles (PSD) considerou a resposta de Resende um desrespeito e comparou ao discurso do prefeito. “É a mesma fala do Bernal. A culpa mais uma vez é da população? Não vou colocar ônibus porque a demanda é pequena? Já encaminhei denúncia ao MPE, na época que cobrei a redução da tarifa, mas o acompanhamento é muito lento. Esta empresa esconde muita coisa”, declarou.

O vereador disse que vai pedir para o presidente da Comissão de Transporte e Trânsito, Vanderlei Cabeludo (PMDB), investigar o caso. “Já defendi uma CPI da outra vez, mas não quiseram”, alegou.

Airton Saraiva (DEM) lembrou que a prefeitura recebeu R$ 20 milhões pela concessão dos serviços e questionou o destino do dinheiro. “O que aconteceu com o dinheiro? Teria que investir no transporte. Por que não investiram nos terminais, por exemplo, para limpeza permanente e segurança. Os terminais são uma vergonha”, criticou o vereador, que é do mesmo partido do ex-presidente da Agência de Regulação, Rudel Trindade.

Saraiva disse que vai propor um projeto de parceria entre empresários e a prefeitura, onde eles ofereceriam pontos de ônibus em troca de publicidade nos mesmos. O projeto é parecido com o Propan (Programa de Parceria Municipal), que já existe em Campo Grande. Neste projeto os empresários cuidam de uma praça e têm o direito de fazer propaganda no local.  

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