Sob protestos, relatório de CPI liga Cimi a conflitos entre fazendeiros e índios

Votação do documento acontece na próxima terça

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Votação do documento acontece na próxima terça

O relatório preliminar da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga a participação do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) no financiamento e em suposta incitação a retomada de terras por indígenas no Estado foi apresentado tarde desta quarta-feira (4) na Assembleia Legislativa, pelo relator da comissão, deputado Paulo Correia (PR).

Com mais de 200 páginas, o documento demorou mais de três horas para ser lido durante a sessão e contém elementos que, de acordo com o relator, comprovam o envolvimento do Cimi em conflitos indígenas. O relatório deverá passar, ainda, por uma votação da comissão, cujo prazo final é 11 de maio. Entretanto, Correia garantiu que no dia 10, próxima terça-feira, a matéria será votada. Em sendo eventualmente aprovada, seguirá para publicação no Diário Oficial do Estado e, posteriormente, entregue às entidades competentes.

“Em nosso relatório, nós comprovamos a participação do Cimi na incitação e no financiamento de invasão por indígenas em terras particulares em Mato Grosso do Sul. Também foi possível comprovar que todos os membros do Cimi nos últimos 20 anos têm trabalhado no Estado para desestabilizar as relações entre índios e não-índios pregando um desserviço”, declarou Paulo Correia. “Cerca de 20 pessoas podem ser indiciadas criminalmente após a entrega desse relatório. Assim que votado e finalizado, iremos entregar aos órgãos competentes”.

O relator também destacou o aspecto negativo de uma campanha internacional promovida pelo Cimi tão logo a investigação foi instaurada. “Houve essa campanha que foi feita aqui, inclusive dentro da Assembleia, pelo próprio Cimi, no sentido de dizer que a soja, o álcool e a carne produzida em MS têm sangue de crianças indígenas. Isso é um absurdo desmedido”, considerou.

A deputada estadual Mara Caseiro (PSDB), que preside a comissão, destacou os aspectos positivos do documento e reforçou que acredita no indiciamento de membros. “Foi possível contextualizar e comprovar mais uma vez que o Cimi está por trás das invasões de terra e do financiamento. Nós vamos entregar esse relatório às entidades competentes e pode ser que entreguemos até no Vaticano, para saber se o Papa têm ciência”, concluiu.

Contraponto

O único perfil parlamentar que se contrapõe à existência da CPI, Pedro Kemp (PT), falou à reportagem que deverá preparar um voto discordante do documento, já que, de acordo com o deputado, 

“Percebe-se que desde o início dessa investigação já havia opinião formada de alguns membros da CPI e com o relatório só confirmou-se mais ainda esta tese, elaborada desde o início da criação da comissão, de que os índios não agem por si mesmo, não têm autonomia e que há uma entidade por trás manipulando, incitando e financiando as ações. E eu discordo disso”, afirmou.

A CPI do Cimi também é composta pelos deputados estaduais Onevan de Matos (PSDB) e Marquinhos Trad (PSD).

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