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Política

Rose e Marquinhos lutam contra a força da abstenção, dos votos nulos e brancos

Pelas ruas e redes sociais, cresce incentivo ao voto nulo 
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Pelas ruas e redes sociais, cresce incentivo ao voto nulo 

Na reta final do , os dois postulantes à Prefeitura de , Rose Modesto (PSDB) e Marquinhos Trad (PSD), demonstram total interesse em reverter o quadro de descontentamento apontado pelos eleitores através do número de votos brancos, nulos e das abstenções do primeiro turno. Em contrapartida, pelas ruas da Capital, é possível perceber que a tarefa não será fácil. Nas redes sociais, votos de protesto também ganham força nesta eleição, o que aponta mais um obstáculo aos candidatos.

O Jornal Midiamax foi até o centro de Campo Grande e conversou com a população para tentar entender o motivo de tantos votos anulados. Pelas respostas, é possível apontar padrões de “descrença”, “corformismo” e até a “generalização da corrupção na política”.

O jovem venderor George, de 27 anos, por exemplo, foi um dos primeiros a responder sobre o tema. De imediato, disse que pela primeira vez desde quando se tornou eleitor, anulou seu voto neste ano. A justificativa também foi direta e coube ainda comparação com tráfico de drogas. “Anulei e vou anular de novo, porque é tudo a mesma merda. Política é igual ‘boca de fumo’, que quando morre um traficante, outro ainda pior assume seu lugar”, disse, recusando-se a citar seu sobrenome.

Ao lado do marido de 77 anos, a aposentada Maria Solange, de 74, afirmou que costumava votar, mas que desta optou por ficar em casa. “Não sou obrigada (a votar) mesmo, pela questão da idade. Também estou cansada de tudo isso. Já não fui no primeiro turno, agora é que não vou mesmo”, contou. O marido disse que odeia política e preferiu nem comentar.

Joyce Oliveira, de 27 anos, é manire e casada com um rapaz de 27. Ela informou que o casal votou no primeiro turno e que seu candidato acabou sendo derrotado nas urnas. Segundo ela, vai votar no próximo domingo, mas como protesto. “Meu candidato não foi pro segundo turno e pior que isso se uniu com quem não devia. Agora vou votar na outra opção só de raiva”, destacou.

Para a atentende Suelize Dias de Moura, de 45 anos, a explicação para o desinteresse da população é simples, apenas falta de opção. “Fica dificil decidir entre um leão e uma leoa. Os dois candidatos possui passado ruim e por isso não quero e não vou votar em nenhum deles”, disse.

Pensamento semelhante apontou o motorista Adão da Rocha, que não encontra emprego há dois anos. Ele diz que entre os candidatos preferiu escolher “o menos pior” e fez seu comentário sobre o desânimo dos eleitores. “O povo está revoltado com tanta ladroagem e ganância. Na verdade, eles (candidatos) não têm interesse nenhum em fazer algo pela cidade”.

Até mesmo o atual prefeito Alcides Bernal comunga do sentimento da população. Segundo ele a impunidade perante a corrupção na política dá força aos movimentos favoráveis às abstenções. “Com certeza o povo está muito desanimado e discrente e tem uma sensação de impotência em face da impunidade porque aqueles que praticaram crime que todos nós sabemos continuam por aí perambulando, livre, leve e soltos e quem está preso está dentro de casa, inclusive pedindo pra passar alguns dias na praia em ”, disse ao Midiamax. 

O governador do Estado Reinaldo Azambuja (PSDB) se posicionou contra as abstenções, mas disse compreender os motivos. Isso é um reflexo da descrença da sociedade brasileira em relação politica. Foram muitos votos nulos, não só em Mato Grosso do Sul, mas em todo o País. A população está cansada, também tem a crise afetando, e por isso acabaram se abstendo, perdendo interesse. Isso tem que ser respeitado, mas é mostrando boas práticas, que será possível reverter esse cenário. Agora esta decisão está nas mãos da população.

Entre os entrevistados, apenas o aposentado João Pedro da Silva, de 63 anos, garantiu que ainda acredita nas eleições e que, por isso, pensou bem e já definiu em quem votar. “Olhei bem as opções e já tenho meu voto. Acho importante e queria que todos tivessem essa consciência. Outra coisa, do jeito que andam as coisas, acho que não dá pra ficar pior”, avaliou.

Voto de protesto

Nas redes sociais, a personificação de uma figura política que corresponderia aos anseios de Campo Grande tem conquistado eleitores com suas propostas. Uma página criada com título “Conceição” incentiva eleitores a votarem no número 99, ou seja, anularem o voto, mas em cima de um propósito, o de estimular o debate entre a população.

Como o número não representa nenhum dos candidatos registrados, cada eleitor que votar em Conceição, estará automaticamente anulando seu voto. “Votando 99, seu voto será oficialmente anulado (Conceição só não aparece nas urnas, mas está pelos pontos de ônibus, vilas e favelas). Mas quem disse que devemos compactuar com uma falsa polarização em que, qualquer que seja o resultado, beneficiará os mesmos donos do poder? Mesmo com uma grande quantidade de votos nulos, a eleição não será anulada. Mas Conceição estará nos debates. E isso não é pouco”, diz trecho da página.

Definição do personagem – “Conceição é mulher, indígena, mãe de 3 filhos, jovem avó. Pratica uma cultura de resistência e tradição que respeita a natureza e as outras pessoas. Ama a todos e luta pelos direitos LGBTIQ+. É a candidata do direito irrestrito à moradia, da valorização da educação e saúde públicas, do nascimento digno, da tarifa zero, da segurança pública cidadã, da cultura em movimento, das ciclovias nas periferias, da limpeza dos rios, da preservação da Mata, do fim da guerra às drogas, do carnaval de rua e popular.

Seu número é 99 pois ela representa os 99% da população. Conceição anda de ônibus e sofre diariamente com o transporte precário da capital, que favorece alguns poucos. Utiliza o posto de saúde, os hospitais, as escolas públicas, que são poucos e precários nas periferias. Conceição é todas nós, e, quando prefeita, vai batalhar por uma cidade mais humana”, diz a página que atualmente tem 431 curtidas.

Opinião dos candidatos

Rose e Marquinhos lutam contra a força da abstenção, dos votos nulos e brancos

Para Maquinhos, a personagem não representa um candidato válido e, por isso, reprova essa construção. “Este é um momento muito importante, porque está em jogo o futuro da cidade. Nós torcemos para que as pessoas votem e escolham o melhor para a cidade… A “Conceição” não é candidata. Quinze pessoas se candidataram e dois chegaram ao segundo turno. Acho importante que o cidadão escolha a melhor proposta para a cidade. Nós convidamos todos os indecisos a olharem nossas propostas e estamos certos de que são as melhores”, defende.

Já Rose Modesto acredita que é importante as pessoas se conscientizarem sobre a importância do voto. “Nós estamos tentando buscar esse eleitor que não compareceu às urnas. Precisamos conscientizar as pessoas que se elas não forem votar, alguém vai votar por elas e vai eleger um representante por elas. Então é extremamente importante escolher um candidato e comparecer às urnas”.

Votos brancos, nulos e abstenções

Rose e Marquinhos lutam contra a força da abstenção, dos votos nulos e brancosO número de eleitores campo-grandenses que não compareceram às urnas, que votaram em branco ou anularam o voto é maior que o quantitativo de votos recebidos pelo primeiro colocado na corrida eleitoral, o deputado estadual Marquinhos Trad (PSD).

O candidato foi o escolhido de 147.694 eleitores, que representam 34,57% dos votos válidos. Em contrapartida, o número de abstenções foi de 114.286, que se somados ao número de votos branco, 17.619 e nulos, 36.017, perfazem um total de 167.922, ou seja, 20.228 a mais que o número de votos recebidos por Marquinhos.

Para se ter uma ideia da importância desse número, a diferença entre a segunda colocada, a vice-governadora e candidata tucana, Rose Modesto, e o atual prefeito Alcides Bernal (PP), foi de apenas 2610 votos, pouco mais de 10% da diferença entre os votos de Marquinhos e abstenções, brancos e nulos.

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