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Política

Prefeitos do PDT, alvos de investigação, dizem ser vítimas de complô político

Em Paranhos, Gaeco estaria 'requentando' caso suspeito de nepotismo
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Em Paranhos, Gaeco estaria ‘requentando’ caso suspeito de nepotismo

Dois prefeitos do PDT, candidatos à reeleição, no interior de Mato Grosso do Sul e que foram alvos de ações investigativas, nesta semana, disseram que têm sido vítimas de armações políticas.
Os dois têm como principais rivais, candidatos do PSDB, legenda que estaria exercendo influência sobre as operações, como meio de arruinar as campanhas do PDT.
Quarta-feira (10) desta semana, policiais da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Civil, foram à (cerca de 50 km de Campo Grande) para apurar suposto esquema de desvio de recursos por meio de licitações fraudulentas e superfaturamento de obras.
No dia seguinte, quinta-feira (11), promotores de Justiça e policiais militares do Gaeco (Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), vinculado ao MPE (Ministério Público Estadual), estiveram em Paranhos (em torno de 460 km de Campo Grande), onde disseram que investigam caso de nepotismo que implicaria o prefeito.

PARANHOS
O primeiro a chiar pelo suposto complô político foi o prefeito de Paranhos, Júlio César, do PDT, um dos principais alvos da São Tomé, operação do Gaeco, deflagrada na quinta-feira (10), com a intenção de acabar com o suposto esquema de nepotismo praticado na prefeitura.

Para ele, o interesse em reeleger-se prefeito da cidade e ter como principal rival um candidato do PSDB, partido do atual governo, seria o motivo da suposta perseguição. “Está nítido que essa operação tem cunho político”, afirmou Júlio César.

De acordo com o promotor de Justiça, William Marra, que conduziu a operação, há suspeitas de que o prefeito estaria pagando salário a um parente que nem sequer trabalha na cidade.

Além de nepotismo, disse Marra, o prefeito poderia incorrer noutro crime, o de empregar funcionário fantasma. O parente em questão seria um enfermeiro contratado para trabalhar no hospital municipal da cidade, que hoje cumpre expediente numa unidade básica de Ponta Porã, município 225 quilômetros distante de Paranhos, segundo o promotor.

LEGISLAÇÃO
O advogado André Borges, ex-juiz eleitoral, sem entrar no mérito da desconfiança do prefeito, informou que “concunhado (que é o marido da cunhada) é considerado (pela legislação brasileira) como um contraparente, ou seja, não é parente, sendo possível sustentar, então, que quanto a ele não se aplica a vedação do nepotismo”.

OUTRA VERSÃO

O prefeito Júlio César disse que ao impor a operação São Tomé (referência de como ficou conhecido o primeiro caso de nepotismo no Brasil, ainda no período imperial), o Gaeco requentou uma denúncia já resolvida dois anos atrás.

Ele confirmou ter nomeado como enfermeiro no hospital público da cidade, Honório Ferreira, cunhado de sua mulher, em 2014. Ou seja, empregou o concunhado. À época, disse o prefeito, a contratação foi questionada pelo MPE e, por isso, demitiu Honório.

“Antes da contratação do enfermeiro, consultei o setor jurídico do município, que me assegurou que concunhado não era tido como parente. Ainda assim, demiti o enfermeiro, que trabalhou no hospital por seis meses”, sustentou o prefeito.

ESPECIALISTA

O enfermeiro Honório Ferreira, que hoje trabalha numa unidade de saúde básica, como concursado, em Ponta Porã, também contestou a operação São Tomé. Ele afirmou ao Midiamax que em 2014, quando foi questionado acerca do suposto nepotismo, prestou informações ao MPE.

“Eu já trabalhei na prefeitura em 2004, 2005 e 2006 e em outras prefeituras da região (Sete Quedas, Iguatemi e ). Sou registrado no Conselho Regional de Enfermagem e não precisaria de ajuda de políticos para exercer enfermagem em qualquer unidade de saúde”, disse Honorário, revoltado com a operação.

O enfermeiro, que também desconfia que a São Tomé teria sido influída por complô político, motivada por rixa política, disse que formou-se enfermeiro em universidade de São Carlos, interior de São Paulo e pós graduou em saúde coletiva na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

Honório disse ainda que é professor credenciado na Escola Técnica do Estado. “Vê como não preciso de ajuda política, sou profissional e essa história (nepotismo) não procede”, protestou o enfermeiro.

OUTRA SITUAÇÃO

Júlio César, o prefeito de Paranhos, foi encrencado pelo MPE, também numa denúncia de nepotismo, ano passado, ao nomear a mulher Suzane Maria Martins de Oliveira, como secretário municipal de Administração. “Aqui [Paranhos] as primeiras-damas sempre exerceram funções nas secretarias de Assistência Social. Eu resolvi nomeá-la na secretaria de Administração”, disse ele.

Assim que contestado, afirmou o prefeito, também pelo promotor de Justiça, William Marra, o mesmo que apura o caso do enfermeiro, ele exonerou a mulher.

QUESTÃO POLÍTICA

Para reforçar a tese de armação política, segundo o prefeito de Paranhos, Júlio César, corre uma denúncia contra seu rival político, Dirceu Bettoni, do PSDB, que já foi prefeito de Paranhos por duas gestões e quer retornar ao comando da prefeitura.

Bettoni, afirmou o prefeito, é representante do governo estadual na região desde que o governador Reinaldo Azambuja, principal nome do PSDB, assumiu o mandato, início do ano passado.

A denúncia mencionada por Júlio César trata-se de um suposto desvio de ao menos meio milhão de reais, dinheiro que deveria ter sido aplicado na compra de merenda. Júlio César sustentou que o caso, é “bem pior e mais grave que o nepotismo investigado, e que não teria seguido adiante”.

A denúncia em questão foi ofertada no ano passado pelo promotor William Marra, mesmo do caso do nepotismo. De acordo com o processo judicial, na gestão de Bettoni, a empresa L.M. Jara, emitiu entre os anos de 2006 a 2009, R$ 558 mil em notas supostamente frias.

A denúncia diz que a empresa nem sequer sede tinha, já que no endereço indicado nas notas, provou-se que nunca funcionou por lá a L.M. Jara.

A reportagem tentou conversar com Dirceu Bettoni, por telefone, mas não conseguiu. Alguns conhecidos do ex-prefeito disseram que no sábado, ele não estaria na cidade de Paranhos.

O promotor de Justiça Wilson Marra, que também atua na comarca de Sete Quedas, cidade 120 distante de Paranhos, também não foi localizado para comentar sobre a desconfiança do prefeito Júlio César.

No caso, o prefeito desconfia que, só por influência do PSDB, o Gaeco cumpriu mandados de busca e apreensões no prédio da prefeitura, secretaria municipal e Saúde e o hospital público no município.

JARAGUARI
Já em Jaraguari, policiais da Deco foram para a cidade na quarta-feira (10), onde cumpriram mandados de busca e apreensão na prefeitura, durante a operação Meteoro. De acordo com os investigadores do caso, a prefeitura teria desviado em torno de R$ 8 milhões por meio de licitações fraudulentas e em obras superfaturadas. O prefeito da cidade, Vagner Vilela, negou a acusação.
Ariel Fernandes Lima, chefe de gabinete do prefeito Vilela, ao saber da queixa do prefeito de Paranhos, Júlio César, disse: “A colocação do prefeito Júlio César foi perfeita, é a mesma certeza que temos quanto ao ocorrido em Jaraguari. O Vagner [prefeito] é candidato a reeleição pelo PDT, concorre com candidato do PSDB, cujo vice é marido de uma delegada recém-aposentada, com grande influência e bom trânsito nas instituições policiais”, disse Ariel.
O chefe do gabinete de Vagner Vilela afirmou, ainda: “lamentamos o ocorrido, por ter antes de tudo, cunho político, amplamente divulgado por veículos de comunicação que chegaram ao município praticamente junto com as forças policiais [na quarta-feira, dia da operação] em uma clara demonstração de combinação com intuito de manchar a imagem do prefeito candidato à reeleição”.

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