Spray de pimenta e bombas de efeito moral

Um confronto entre a Polícia Militar e manifestantes contrários ao governo da presidenta Dilma Rousseff em frente ao Congresso Nacional resultou no uso de bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e bombas de efeito moral. A cavalaria da Polícia Militar do Distrito Federal também entrou em ação, provocando o deslocamento e a dispersão de uma parte dos manifestantes. Durante todo o dia o Eixo Monumental (avenida que fica no centro do Plano Piloto de Brasília) ficou fechado na região da Esplanada.

A Polícia Legislativa chegou a deter três manifestantes que tentaram invadir o prédio. Um deles assinou um termo circunstanciado e todos foram liberados logo depois. A PM também usou cachorros sobre a laje que acomoda as cúpulas da Câmara e do Senado, onde o uso de armas não letais pode ser perigoso, – há um vão profundo entre o local onde os manifestantes ficaram e o início da laje – para evitar que manifestantes tentassem acessar o local.

Agressões

Os manifestantes circularam ao longo de todo o dia na região entre a Praça dos Três Poderes e o gramado em frente ao Congresso Nacional. Ao longo da tarde o número se reduziu, mas com o fim do horário de expediente nos ministérios o gramado voltou a encher. Policiais legislativos, que fazem a proteção do prédio do Congresso, relataram provocações como serem atingidos por garrafas de água mineral e pedras de gelo a partir do momento em que a manifestação voltou a encher.

Pouco depois das 20h, um grupo de motociclistas se dirigiu às proximidades do Planalto fazendo barulho nos motores dos veículos. Por alguns minutos eles tentaram chegar até a entrada principal do Planalto, mas foram contidos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. Os policiais também utilizaram granadas de efeito moral e bombas de gás lacrimogênio.

Os estouros dos artefatos foram escutados da parte interna do prédio e causaram irritação nos olhos de pessoas que passavam pelo local. No momento da confusão, a maior parte dos manifestantes já havia deixado o Planalto em direção ao Congresso.

As manifestações na Praça dos Três Poderes em Brasília começaram ainda pela manhã, no horário da posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil. Manifestantes contrários e favoráveis ao governo chegaram a se enfrentar em alguns momentos e a polícia precisou intervir para controlar a situação.

No auge do protesto esta noite, a PM estimou o público em cerca de 8 mil pessoas. Na maior parte do tempo, apesar dos conflitos, o ato foi pacífico, com os manifestantes cantando o Hino Nacional e palavras de ordem. Um boneco do ex-presidente Lula vestido de presidiário, conhecido como Pixuleco, foi inflado. Um manifestante também apareceu vestido igual ao boneco.

Ao longo de todo ato, eles também estouraram rojões e foguetes, empunharam faixas e cartazes pedindo a saída da presidenta do governo e a prisão de Lula. A maior parte dos manifestantes se vestia de amarelo ou nas cores da bandeira.

Dispersão

Por volta das 22h, os manifestantes voltaram para os arredores do Planalto, dessa vez em menor número. O grupo entoou por alguns minutos palavras de ordem com instrumentos de percussão e portando um caixão de papelão, preto, com a estrela do PT em uma das superfícies e a expressão “março de 2016” em outra.

Vendedores ambulantes de bebidas como água e cerveja acompanharam a movimentação dos manifestantes. Um dos gritos que mais era ouvido no protesto nesse momento era: “Olê, olê, vamos pra rua pra derrubar o PT”. Cerca de 30 minutos depois, eles se dispersaram, muitos subindo novamente a rampa em direção ao Congresso e a seus carros. A Polícia Militar e o Exército, porém, continuam a postos.  Os manifestantes chegaram a iluminar  as torres do Congresso com as palavras “Força Moro”.