Pastora diz que doação ‘foi uma decisão de família'

Um total de R$ 405 mil em eleitoral. Este é o valor que uma única pessoa doou para a candidata a prefeita de do PSDB, a vice-governadora (PSDB). A doadora foi candidata a vice-governadora, em 2014, na chapa encabeçada por Nelsinho Trad (à época no PMDB, hoje PTB), a pastora Janete Morais, do PTdoB, partido coligado com o PSD, do deputado estadual e também candidato a prefeito, Marquinhos Trad. 

Para o presidente estadual do PTdoB, Morivaldo Firmino de Oliveira, a situação é natural e o partido não irá tomar nenhuma atitude sobre o fato. “Ela fez uma doação como pessoa física e, claro, com dinheiro dela. Não tem nada a ver com o partido e não temos o direito de interferir. Não vejo problema nenhum”, justificou. 

Ao mesmo tempo, o representante enfatizou que demais filiados da legenda estariam ‘pressionando-o'. “O partido está recebendo diversas reclamações e questionamento quanto a isso, mas até onde eu sei, não vamos entrar nesta questão. Ela é uma pessoa idônea a a respeito muito”, disse Firmino, que destacou ter ficado sabendo da doação pela mídia.

Já o ex-prefeito Nelsinho Trad e presidente estadual do PTB diz que esta situação é não é legal. “Vejo como um fato totalmente fora da normalidade. Não é certo. Acho que ela deveria pedir licença do partido e seguir seu caminho, pois estar em uma sigla, coligada com um candidato e fazer doação para outro fere a ética e moral”, disparou. 

Ainda segundo Nelsinho o fato não o deixa espantado por já ter ocorrido em outras vezes. Janete foi candidata a vice-governadora em 2014, junto com Nelsinho na cabeça de chapa. Ela era filiada ao PSB e ele ao PMDB.

Janete não doou até o momento nenhum valor para a campanha do candidato a que seu partido está coligado, Marquinhos Trad. Já para Rose, do total de doações que a tucana recebeu, R$ 960.663,66, quase a metade é de Janete, R$ 405 mil.

“Eu não sou candidata e se fosse claro que não faria isso. A Rose veio até mim, conversou com toda a minha família e pediu ajuda. Nós decidimos por ajudá-la porque achamos que a única forma de tirar Campo Grande da situação ruim que está é com o apoio do governador e sendo assim quem ele está apoiando é a Rose”, alegou Janete, explicando que a doação foi ‘decisão de família'. 

Janete Morais é proprietária de um imóvel alugado para o a Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho), que em 2015 ficou cinco meses fechado, mesmo com o governo estadual desembolsando R$ 10,5 mil por mês de aluguel. À época da locação, a pasta era comandada por Rose. Atualmente o imóvel abriga o programa Vale Renda. 

A religiosa negou que a locação do imóvel tenha relação com a doação. Segundo ela, além do governo estadual, a Prefeitura da Capital é sua inquilina, em quatro outros imóveis. 

“Eu conversei com o Marquinhos e ele, além de não pedir a nossa ajuda, nos deixou livre para apoiar quem quisermos, mas posso dizer que não estou pedindo voto nem para um e nem para outro. Ajudamos por que meu pai sempre ajudou quem ele visse como sendo a melhor opção e eu na verdade não queria essa coligação que meu partido fez”, frisou.

De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) as doações realizadas por pessoas físicas são limitadas a 10% dos rendimentos brutos relatados pelo doador no ano anterior à eleição, conforme o que foi declarado pelo doador no Imposto de Renda.

A reportagem tentou contato com a candidato Marquinhos e também com a candidata do PSDB, mas ambos não atenderam o telefone e nem responderam as mensagens até o fechamento desta matéria.