Ele depôs ao juiz Sérgio Moro

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-senador (sem partido) afirmou que algumas CPIs (Comissão parlamentar de Inquérito) era criadas em época eleitoral para serem usadas em negociações. O sul-mato-grossense é delator na depois de ficar preso por três meses, pedir desfiliação do PT e ter seu mandato cassado.

Ele depôs nesta sexta-feira (24) em processo contra o ex-senador Gim Argello, preso devido a investigação. “O que se negociava eram doações”, afirmou o antigo parlamentar. “Trocavam doações para as eleições, em se convocando ou não para depor determinadas pessoas. Isso não é um fato isolado”.

Argello é acusado de pedir suborno a empresários para que não os convocasse para depor na CPI da Petrobras em 2014. Ele era vice-presidente da comissão e nega as acusações. Delcídio, porém, disse que determinadas investigações no Senado era firmadas justamente para angariar propina.

“Isso não é um fato isolado. Existem antecedentes em que houve algum tipo de negociação”, disse o ex-petista lembrando que em 2010 o Congresso já havia realizado uma CPI da Petrobras. “Engraçado: coincidentemente, em ano de eleição”, completou com ironia.

Além disso, classificou toda CPI como “um processo político”, já que “normalmente leva a uma negociação de temas, da condução dos trabalhos.”

O depoente confirmou a tese de acusação contra Argello e os outros réus. Relatou que ouviu dos empresários Júlio Camargo e Ricardo Pessoa, também delatores da Operação Lava Jato, que eles receberam cobrança de propina de parlamentares para não serem convocados a depor e definiu, “todo empresário tem preocupação com uma CPI”.

Delcídio disse que o deputado federal Marco Maia (PT-RS) e o então senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) faziam tais cobranças. Os dois estão na mira do STF (Supremo Tribunal Federal).