Ex-secretária e terceirizados da Seleta e OMEP foram lembrados pela tucana

A pré-candidata do PSDB à Prefeitura da Capital, a vice-governadora Rose Modesto, admitiu ao então responsável pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), promotor Marcos Alex Vera, em setembro de 2015, que fez indicações para a gestão de Gilmar Olarte, logo após a cassação de Alcides Bernal (PP).

Depois de ficar da fora lista de denunciado do MPE-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o próprio órgão admitiu que uma investigação paralela para verificar as provas contra Rose e outras seis pessoas, dentre elas a deputada estadual Grazielle Machado (PR), a suplente de vereador Juliana Zorzo (PSC) e os vereadores Vanderlei Cabeludo, Carla Stephanini, ambos do PMDB, e Chiquinho Telles e Coringa, do PSD.

O primeiro nome citado por Rose durante seu depoimento ao Gaeco, dado na Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), no dia 9 de setembro do ano passado, foi o da ex-secretária municipal de educação, Ângela Maria de Brito, que hoje ocupa um cargo na Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho), pasta que era comandada por Rose, mas é lotada na Segov (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica).

Apesar de afirmar ao promotor que não teve nenhum acerto prévio com Olarte para definir cargos ou nomeações, a indicação de Ângela, por Rose, se deu logo após a posse do sucessor de Bernal, sob alegação de que a ex-secretária era ‘a primeira opção do PSDB para ocupar a pasta – Semed (Secretaria Municipal de Educação)’.

Uma das testemunhas ouvidas pelos investigadores, o guarda municipal e ex-motorista de Gilmar Olarte, Fabiano de Oliveira Neves, contou que Rose teria participado de encontros em uma Chácara no Parque dos Poderes, com o ex-vice-prefeito afastado, e teria pedido a ele o comando da Semed, sendo atendida apenas dois dias úteis após a posse de Olarte.Em depoimento ao Gaeco, Rose Modesto admitiu que fez indicações à gestão Olarte

Ao Gaeco, Neves também relatou que o próprio Olarte assava carne para seus convidados, vereadores que iam ao local negociar cargos em sua possível administração, tão logo a cassação de Bernal se concretizasse.

Além da ex-secretária, hoje coordenador do Programa Rede Solidária, idealizado por Rose na administração tucana, a pré-candidata tucana contou que se lembra de ter indicado outras três pessoas à gestão Olarte, uma delas seria nora do vereador Ayrton Araújo (PT). O petista foi procurado para comentar o assunto, mas não retornou as ligações.

Conflito

Mesmo afirmando não ‘se lembrar’ de novas indicações de apadrinhados, a vice-governadora revelou ao Gaeco que em uma conversa na qual foi flagrada reclamando da falta de nomeações, com o então chefe da comunicação da prefeitura na gestão Olarte, Edson Godoy, ela se referia aos ‘terceirizados da Seleta e OMEP’.O depoimento de Rose foi dado em 9 de setembro de 2015, na Sejusp

Segundo Rose, parte desses servidores terceirizados, hoje alvo de uma ação da Justiça que pede a demissão de mais de quatro mil funcionários da prefeitura, teriam sido ‘deslocados’ para a Semed, de sua indicação, mas estariam sendo controlado pela Semad (Secretaria Municipal de Administração), dirigida pelo principal secretário de Olarte, Valtemir Alves de Brito, o Kako.

As nomeações de terceirizados para trabalhar na pasta sob comando da indicada de Rose só estavam acontecendo por nomeação do homem forte de Olarte, o que, segundo ela, ‘gerou conflito entre ambas as partes’.

Outro fato revelado por Rose em seu depoimento, é que o ex-assessor de Olarte, Ronan Feitosa de Lima, figura central do caso dos cheques em branco, no qual o ex-vice-prefeito é réu no processo sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, lhe pediu emprego.

O ‘pedido’ de Ronan teria acontecido logo após as eleições de 2012, quando Rose foi eleita vereadora e Gilmar Olarte vice-prefeito. O ex-assessor também pediu uma ‘colocação’ para sua esposa, mas a pré-candidata tucana afirmou ao promotor Marcos Alex ‘não se recordar’ se a mulher ganhou um cargo na prefeitura.

Ao encerrar seu depoimento, Rose reafirmou ao promotor que suas indicações de nomeações respeitaram ‘critérios técnicos’ e que sua votação pela cassação de Bernal ‘por estar convencida tecnicamente da prova de irregularidades praticadas na gestão do mesmo’.

Outro lado – Sobre a cassação, a vice-governadora explicou que foi favorável porque “implicações concretas contra ele e foi dado com embasamento técnico-jurídico. O próprio MPE e TCE questionaram e questionam ações de irregularidades na gestão deste prefeito. Foi o PSDB que indicou nomes para compor a então nova administração, não eu”, disse por meio de nota.

“Isso é indicação de partido, o que é legítimo e não há crime nisso. As indicações de nomes são feitas com critérios técnicos e são pessoas preparadas para desempenhar as funções para as quais são designadas. Somente o MP tem a atribuição para avaliar condutas, documentos e após oferecer denúncia. Feito tudo isso, não fui denunciada em relatório final apresentado no último dia 31 por não haver qualquer elemento que caracterizasse crime de minha parte”, completou.