Delator diz não saber se Cunha tinha contas no exterior

Leonardo Meirelles, ex-sócio do doleiro Alberto Youssef, confirmou em sessão desta quinta-feira (7) do  na Câmara que teria recebido US$ 5,1 milhões. Esse valor seria convertidos e reais e entregue à  (PMDB-RJ) pelo doleiro. O delator afirmou que recebeu o dinheiro em contas no exterior e que possui os comprovantes dos extratos bancários.

Meirelles não afirmou porém saber se Cunha possui contas no exterior. Ele afirmou aos membros do colegiado que não fez nenhuma transação direta com o parlamentar. Delator na Operação Lava-Jato, o ex-sócio de Youssef cedia empresas para que o doleiro fizesse repasses de recurso ao exterior que seriam destinados depois a supostos beneficiários de propina.

Cunha negou, em depoimento à Lava-Jato, que possuía contas no exterior, porém afirmou que teria recebido a pedido de Youssef, três transferências em 2012 totalizando US$ 5,1 milhões, de uma empresa do empresário Júlio Camargo. Meirelles afirmou na sessão que teria feito o repasse desse valor a Jayme Careca, também à pedido de Youssef, mas que não sabia do destinatário final, e que só teria descoberto sua participação no caso quando almoçou com o doleiro, e confirmou suas hipóteses quando Camargo e Youssef começaram a fazer delações contra Cunha.

“Uma semana após a operação, almoçando com o Alberto, nesse mesmo dia eu vi o Júlio [Camargo] saindo do escritório do Alberto, fomos almoçar e ele me disse: ‘Você nem imagina a pressão que eu estava sofrendo'. E disse que era do investigado [no Conselho de Ética], que era de Eduardo Cunha”

Segundo Meirelles, após virem à tona as delações do Júlio Camargo e de Youssef, que mencionavam esse pagamento de propina a Cunha, ele pediu autorização ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, para buscar extratos na China das transações bancárias e que toda a documentação foi entregue à Procuradoria.

De acordo com a investigação dos procuradores, os recursos dizem respeito a propina recebida por Cunha em contratos da Petrobras de dois navios-sondas da empresa coreana Samsung Heavy Industries Co. e da japonesa Mitsui.

O advogado de defesa de Cunha, Marcelo Nobre, alegou que Meirelles era suspeito para prestar depoimento porque teria interesse pessoal e sustentou ainda que, quando o relatório preliminar foi aprovado, os deputados rejeitaram o trecho que pedia investigação sobre o suposto recebimento de propina. Houve bate-boca na sessão entre apoiadores e contrários a Cunha.

Meirelles teve que custear por conta própria a viagem até o Congresso, pois a presidência da Câmara, que cuida da liberação dessas verbas, não respondeu ao pedido do ex-sócio de Youssef. José Carlos Araújo, presidente do Conselho de Ética, acusou o presidente da Câmara de tentar obstruir os trabalhos dos parlamentares.