Vereador revelou que atendimentos no distrito eram feitos em biblioteca

Condenado a pagar quase R$ 1 milhão de restituição aos cofres públicos e ter seus direitos políticos por oito anos, o vereador Paulo Siufi (PMDB), reeleito nestas eleições para seu 4º mandato, negou irregularidades no período em que atuou como médico no distrito de Aguão.

O vereador divulgou uma nota nesta sexta-feira (21), um dia após a condenação, pontuando que é médico formado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), com especialização em pediatria, e servidor concursado do município.Condenado, Siufi diz que atendia pouco em biblioteca no Aguão para cumprir ordens

“A zona rural do distrito de Aguão precisava de médico para atendimento. O secretário de Saúde de da época buscou maneiras de resolver essa questão, pois não havia médicos interessados em razão da estrada de chão, distância e estrutura para atendimento (o atendimento era realizado em uma sala de biblioteca – ainda não havia o posto de saúde).  Foi então que o mesmo optou por uma carga horária diferenciada, visando a lotação de médico para o cargo”, disse Siufi na nota.

De acordo com o processo, o peemedebista teria sido nomeado para trabalhar em Aguão em janeiro de 2009, quando já era vereador. Na época, o secretário municipal de saúde era o hoje deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM).

A decisão de manter Siufi no distrito com a ‘carga horária diferenciada' foi mantida pelo sucessor de Mandetta, . Sem identificar qual secretário, Siufi afirma que o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) à época ‘justificou que essa era a única maneira de manter médicos nas unidades de saúde da zona rural'.

“Não há e nem nunca houve qualquer intenção de agir erroneamente, tanto no que diz ao atendimento como em relação à justiça, tendo eu apenas cumprido o determinado pela Secretaria de Saúde de Campo Grande, um cumprimento de ordem hierárquica”, destacou o vereador.

O juiz da 2ª Vara de Direitos Difusos da Capital, David de Oliveira Gomes Filho, pontuou que frequência de Siufi ao cargo ocupado foi de apenas 18,12% no período de janeiro de 2009 a maio de 2013, mas houve recebimento de 100% do salário correspondente à função.

“Esta baixa frequência ao trabalho gerou um custo aos cofres públicos de R$223.410,88 (não atualizados), conforme os cálculos constantes da inicial. Ainda, segundo aqueles cálculos, cada uma das 618 consultas feitas pelo médico ao longo dos 04 anos, custou R$361,50 por atendimento. Numa simples conta aritmética, o requerido atendeu uma média de 03 pacientes por semana”, diz trecho da decisão do magistrado, que julgou procedente a denúncia de improbidade administrativa oferecida pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual).  

“Sigo tranquilo, atendendo meus mais de 5.000 (cinco mil) pacientes em meu consultório, ciente de minha postura e meus valores.  Será interpelado recurso fronte à sentença. A presente questão não possui qualquer relação com minha vida política”, finaliza