Ex-executivo também reiterou acusações contra Lula e Dilma

O ex-executivo da Petrobras, Nestor Cerveró, em depoimento prestado à Justiça Federal nesta terça-feira (8), reiterou acusações contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Conforme apurado pelo Estadão, ele também ressaltou a pressão que sofreu do ex-senador Delcídio do Amaral. Segundo ele, o ex-senador não queria ter o nome citado em acordo de delação.

O depoimento, por videoconferência, durou cerca de uma hora e meia e foi feito 10 ª Vara, em Brasília, para instruir ação penal que avalia a suposta atuação de Lula e outros réus num esquema para evitar que Cerveró fizesse acordo de delação premiada.

Durante a oitiva, Cerveró declarou ter sido indicado por Lula para diretor financeiro da BR Distribuidora, em 2008, como retribuição por ter ajudado a quitar uma dívida do PT com recursos de um contrato da estatal, ainda segundo apuração feita pelo Estadão. Além disso, implicou Dilma numa suposta trama para livrá-lo da prisão, além da pressão que teria recebido para não citar nome do ex-senador de Mato Grosso do Sul.

Explicou ainda que, quando estava preso, seu advogado na época, Edison Ribeiro, levou a ele um recado do então senador e líder de governo, Delcídio Amaral (ex-PT), hoje cassado e sem partido, de que a então presidente Dilma Rousseff trataria de sua situação.

Cerveró reiterou ainda que, em diversas ocasiões, seu advogado o desaconselhou a delatar o esquema de corrupção na Petrobrás, supostamente por influência de Delcídio. Seria uma tentativa de evitar que o ex-diretor implicasse o senador no recebimento de propinas pela compra e pela modernização de Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e pela aquisição de turbinas para usinas termelétricas.

Defesa – Em nota encaminhada ao Jornal Midiamax, a defesa de Lula afirmou que “os depoimentos colhidos nesta terça-feira desmentem, de forma inequívoca, a delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral quanto à denuncia de obstrução de justiça envolvendo o ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva”.

Diz ainda que os depoimentos de Nestor Cerveró, sua advogada e outras três pessoas “negaram qualquer ação direta ou indireta de Lula com o intuito de impedir ou retardar a delação de Cerveró”.

A defesa também argumentou que Cerveró não disse que sua indicação para a diretoria da BR Distribuidora foi um ato de Lula como agradecimento por qualquer fato anterior. “Ele confirmou que “ouviu dizer” por terceiros esta versão, citando o nome de Sandro Tordin, ex-executivo do setor privado, que não tinha nenhuma relação com Lula”.

Delcídio do Amaral ainda não se pronunciou sobre o caso.