Bancada quer negociar pautas em eventual mandato

Os parlamentares da ala mais conservadora do Congresso, conhecida como “BBB” – “boi, bala e Bíblia”, referência ao fato de ser formada por ruralistas, evangélicos e defensores do porte de armas – têm se articulado para uma maior aproximação com o vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A bancada foi fundamental para a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT) no dia 17.

Entre os ruralistas, a esperança é de que Temer dê maior atenção ao agronegócio e tome medidas contra o avanço da demarcação de terras para sem-terra e indígenas.

Jerônimo Goergen (PP-RS), coordenador institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), defende que o vice, em um eventual governo, aprove medidas como a PEC 215, que transfere do Executivo para o Congresso as decisões sobre demarcação de terras indígenas, além de limitar as homologações apenas para terras já reconhecidas em 1988.

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), tesoureiro da Frente Parlamentar Evangélica, confirmou as negociações com Temer. “Já fomos até ele e sugerimos que ele crie uma interlocução oficial com a bancada BBB.

Ele tem que entender que não é só interlocução com os líderes partidários que adianta”, afirma. Segundo ele, houve pressão de pastores sobre a bancada para que votassem a favor do impedimento de Dilma. Entre eles, estão Silas Mafalaia, Edir Macedo e Valdemiro Santiago.

Alberto Fraga (DEM-DF), coordenador da Frente Parlamentar da Segurança Pública na Câmara, diz que espera uma maior abertura de Temer em relação à aprovação da redução da maioridade penal e da liberação do porte de armas.

“É por isso que até agora não colocamos para votar essa questão do Estatuto do Desarmamento. Sabemos que na Casa passa, mas a presidente veta. Precisamos conversar mais com Michel para ter a possibilidade de fazer uma pauta positiva”, diz.