Candidata à prefeitura diz ter ‘oferecido’ dados ao Ministério Público

A vice-governadora Rose Modesto, do PSDB, cuja candidatura à prefeitura de Campo Grande, foi homologada nesta manhã, minimizou a investigação do MPE (Ministério Público Estadual), no âmbito da Coffe Break.

“Quero dizer que eu acredito nas instituições, o MPE tem feito um trabalho importante e fundamental. Não fui denunciada em crime, não tive o sigilo de meus dados bancários e fiscais quebrados. Sempre estive à disposição, inclusive, em 2015, voluntariamente coloquei à disposição [do MPE]. Nunca acharam nada, não fui denunciada, nunca respondi um processo, não vejo problema nenhum nessa história”, afirmou a candidata.

Ao contrário dessa versão, Rose teve os sigilos fiscal e bancário quebrados, segundo o procurador-geral de Justiça, Paulo Cezar Passos

O governador Reinaldo Azambuja, em discurso durante a convenção do partido, nesta manhã, defendeu a candidata Rose. Ele afirmou que era uma “inverdade” que o MPE tinha pedido a quebra de sigilos da vice-governadora e que poderia “provar isso” com cópia de documento que carregava em seu bolso.

Ao Midiamax, o chefe do MPE afirmou que o órgão pediu as quebras, o Judiciário autorizou e que os investigadores da operação examinam os dados contábeis da candidata, que cumpria mandado de vereadora em 2013.

Apuração

Passos informou ainda que, se houver indícios de que Rose participara do suposto esquema de compra de votos para cassar o mandato do prefeito Alcides Bernal, do PP, em março de 2014, vai denunciá-la.

Até agora, o procurador Paulo Passos denunciou por suposta participação na trama 13 dos 29 vereadores da cidade. A ausência do nome de Rose na lista dos denunciados motivou protestos na Câmara e também dos advogados que atuam na defesa dos acusados.

Rose e outros 22 vereadores votaram pela cassação de Bernal, que recuperou o mandado, por força de liminar [decisão judicial provisória], em agosto de 2015.

Pelo investigado, vereadores interessados na queda de Bernal, teriam recebido benefícios, em cargos ou dinheiro, para tirar Bernal do comando da Prefeitura. Os denunciados negam terem sido comprados pela cassação.

Em março de 2014 Bernal saiu da Prefeitura por decisão de uma CPI que investigou contrário firmados pela prefeitura em regime de urgência, tidos como irregulares.

O deputado federal Elizeu Dionízio, do PSDB, outro vereador à época da denúncia do suposto complô contra Bernal, segundo o procurador Paulo Passos, também é investigado. O caso dele, por ter foro privilegiado, seguiu para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Rose Modesto não tem foro privilegiado e, se for denunciada, o caso será tratado pelo Tribunal de Justiça.

Os denunciados na Coffee Break foram tidos como suspeitos por meio de escutas telefônicas autorizadas judicialmente. De acordo com o MPE, Rose aparece nas conversas, uma delas com o vice-prefeito Gilmar Olarte, do PP, que assumiu a prefeitura logo depois da cassação de Bernal. Olarte seria um dos principais articulares da trama.