A partir daí seguiu-se um debate

Os senadores (PSB-RJ) e João Alberto Souza (PMDB-MA) tiveram uma discussão áspera na sessão desta tarde da CPI do Futebol (assista abaixo), que funciona no Senado. Logo na abertura da sessão, Romário tentou colocar em votação um requerimento convidando presidentes de clubes para falar na comissão. João Alberto contestou o requerimento alegando prejuízo para os convocados em comparecer a uma CPI. A partir daí seguiu-se um debate sobre as posições de ambos.

O senador maranhense se disse ex-dirigente de clube e afirmou que convocar por convocar pode ser algo que cause prejuízo às pessoas pela associação que se faz entre seus nomes e uma CPI. Romário argumentou que tratava-se de um convite para os dirigentes e que eles viriam ou não à comissão. João Alberto então passou a criticar aqueles que consideram que o futebol brasileiro vive uma crise, tem dirigentes ruins e a posição do Brasil na Copa do Mundo de 2014. Romário rebateu de primeira.

“Primeiro que nosso futebol não é organizado. Ele é um dos mais desorganizados do mundo. Segundo, não temos dirigentes bons e ruins, temos ruins e péssimos. Terceiro, uma seleção brasileira disputar uma copa do mundo em casa, tomar de 7 a 1 e ficar em quarto lugar numa copa do mundo no Brasil… Se vossa excelência acha que isso é um resultado positivo, me desculpe, mas não posso acreditar que o senhor teve a experiência de ter dirigido algum clube de futebol, porque isso não entra na cabeça de ninguém, principalmente na minha que joguei futebol muitos anos”, disse Romário.

João Alberto passou a criticar o que chamou de denuncismo da imprensa e disse que não aprovaria requerimentos de convocação para a CPI de pessoas baseado em reportagens jornalísticas. A discussão seguiu com Romário na ofensiva. “Em relação às denúncias que saem nos jornais, o senhor não pode dizer que não é verdade que o Marco Polo Del Nero é ladrão, safado, desonesto e corrupto”, afirmou o senador carioca.

“Com todo respeito a Vossa Excelência pelo seu histórico, mas esse senhor (Del Nero) não presta, ele é imoral, esse senhor para mim é um dos cânceres que temos no futebol e câncer, assim como a doença, tem de ser extirpado”, insistiu Romário. “Ele é realmente hoje um grande mal no nosso futebol. Isso eu posso atestar e afirmar, 100%, independentemente do que Vossa Excelência pensa e outros também”, acrescentou ele.

João Alberto passou a questionar a postura de Romário diante das críticas que o ex-jogador fez ao atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Marco Polo Del Nero. “Nós aqui estamos na CPI, somos juízes. Vossa Excelência não pode externar a opinião que Vossa Excelência está externando”, argumentou o maranhense. “Somos juízes, vamos julgar, presidente. Vossa Excelência está extrapolando. Nenhum de nós aqui pode dar a opinião que Vossa Excelência está dando”, continuou.

Romário fincou pé e seguiu nas críticas peitando o colega. “Vossa Excelência está equivocado, não estou dando minha opinião, estou afirmando que ele é ladrão. Estou afirmando que ele não presta e estou afirmando que ele tem de ser preso e será preso, que assim seja”, disse Romário. “Vossa Excelência quer ser juiz dessa maneira? Me desculpe”, respondeu João Alberto. “Sou presidente do Conselho de Ética e lá eu não me pronuncio, jamais. E nenhum companheiro meu pode se pronunciar como Vossa Excelência está se pronunciando. Me desculpe”, afirmou o maranhense.

Ao final da discussão, três requerimentos foram votados, entre eles a quebra do sigilo bancário do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, que é filiado ao PTB de São Paulo, e está preso desde maio na Suíça após operação desencadeada com o apoio do Federal Bureau of Investigation, a Polícia Federal dos Estados Unidos.