Movimento começou neste domingo em várias cidades do Brasil

Um contra a presidente Dilma Rousseff reuniu cerca de 25 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste domingo, mas apresentou dissonância entre os diferentes grupos que foram as ruas. Enquanto a maioria pedia a saída da presidente, um carro de som defendia a derrubada do atual governo por uma intervenção militar.

Tocando canções do Exército e o Hino Nacional, o trio elétrico da Ordem Dourada do Brasil tomou a dianteira no percurso com cartazes de S.O.S Forças Armadas, mas foi abafado pelos carros de som dos movimentos Vem Pra Rua e Tô na Rua, que carregam maior adesão e não clamam pelos militares. Em frente ao Congresso Nacional, os intervencionistas chegaram a ter o cabo do microfone cortado por pessoas que divergiam deles. Quando retomaram o som, foram abafados pelos outros trios elétricos, que eram maiores.

A concentração do protesto começou no Museu Nacional por volta das 9h30 e seguiu para o Congresso Nacional. Embora a multidão não tenha tomado o gramado em frente ao Legislativo como no dia 15 de março, quando a manifestação reuniu 45 mil, a PM calcula que 25 mil pessoas estiveram na Esplanada dos Ministérios no momento de maior movimento.

Neste domingo, os defensores da intervenção militar saíram em caminhada na frente dos manifestantes pró-impeachment, com um grupo de apoiadores carregando faixas. Para eles, o processo de derrubada do mandato de Dilma não seria eficaz, já que daria espaço para o PMDB governar. O grupo também fez críticas à gestão de Fernando Henrique Cardoso. “Você que pede impeachment, acorde e vem junto conosco”, clamava o carro de som.

O corretor de imóveis Ricardo Portugal, 46 anos, defende a convocação de novas eleições após uma intervenção militar. “Nosso vice (Michel Temer) é tão corrupto quanto ela. Se sair a Dilma, vai estar todo o PMDB lá dentro”, disse o manifestante.

Mais atrás, os dois carros de som apenas gritavam palavras de ordem contra o PT, sem reagir a pauta dos intervencionistas. “Dilma já renunciou. Entregou o governo para o PMDB”, gritava um manifestante do carro de som. “Dilma na Papuda, Lula na Papuda!”, diziam, em outro momento. Outro alvo recorrente dos manifestantes era o ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi advogado do PT.

Apesar de elogiar publicamente a integridade dos presidentes militares Castello Branco, Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, o carro de som apelou para a liberdade democrática de expressão quando foi abafado pelos demais manifestantes. “Qualquer intimidação por essas pessoas é um acinte contra a democracia. Nós temos o direito de nós manifestar. Vamos respeitar cada patriota que está aqui”, disse um homem, no carro de som.

Adesivos, cartazes e ambulantes 
Para quem não preparou seus próprios cartazes, os organizadores dos movimentos espalharam diversos cartazes pelo chão com diferentes pautas para o protesto. “Podem pegar à vontade, é grátis”, dizia um carro de som. Adesivos “A Culpa é das Estrelas” também eram distribuídos em série para os presentes. A frase faz referência ao símbolo do PT e à obra do escritor John Green.

Além de comercializarem camisetas da Seleção Brasileira e bandeiras, ambulantes também aproveitaram o dia de forte sol e calor para vender bebidas e comidas na Esplanada dos Ministérios.

O protesto terminou por volta das 12h30, quando os carros de som deixaram a frente do Congresso Nacional.

A Polícia Militar afirmou ter prendido duas pessoas durante o protesto: uma que se envolveu em uma briga de trânsito com um facão, nas proximidades do local, e um morador de rua que estava embriagado e tumultuava o protesto. O Bope também utilizou um robô para verificar uma mochila abandonada nas imediações do Museu Nacional. Apenas roupas foram encontradas dentro da bolsa.